O Instituto Nacional de Estatística confirmou esta quarta-feira que a economia portuguesa cresceu 0,4% no primeiro trimestre do ano face ao último trimestre do ano passado, um abrandamento face aos últimos três trimestres. Em comparação com o mesmo período de 2017, a economia cresceu 2,1%, o pior registo do último ano e meio. Os números são iguais aos avançados na estimativa rápida divulgada a 15 de maio pelo INE.
De acordo com o Instituto, este abrandamento explica-se com o contributo negativo da procura externa líquida dirigida à economia portuguesa, que foi negativo em cerca de 0,3 pontos percentuais do PIB, quando no final do ano passado havia contribuído positivamente em 0,5 pontos percentuais.
O que mais contribuiu para este resultado foi o aumento das importações de bens e serviços, já que as exportações estagnaram. O resultado acabou por não ser mais negativo porque a procura interna deu um contributo significativamente mais positivo do que aquele que se verificou na parte final do ano, mesmo com a aceleração do consumo típica do período festivo. De acordo com o INE, a procura interna deu um contributo positivo de 0,8 pontos percentuais do PIB, mais 0,5 pontos percentuais que nos últimos três meses de 2017, em resultado da aceleração tanto do consumo privado, como do investimento.
No primeiro trimestre deste ano, as famílias portuguesas aumentaram os seus gastos em bens não duradouros e serviços, e ao mesmo reduziram as compras de bens duradouros, algo que tem vindo a acontecer especialmente nos gastos nas compras de automóveis (tal como se vê na comparação em termos homólogos), levando o consumo privado a crescer 0,8%, o dobro do ritmo de crescimento verificado na parte final do ano passado. Já o investimento total cresceu 1,1%, um resultado significativamente melhor que o conseguido entre outubro e dezembro do ano passado, quando estava estagnado (em termos trimestrais).
No mesmo sentido, o emprego continuou a crescer de forma robusta. Nos três primeiros meses do ano a economia criou mais 50,2 mil empregos, dos quais 37,9 mil são empregos remunerados. Em termos homólogos, o emprego terá crescido 3,1%, com mais 149,3 mil empregos entre o primeiro trimestre de 2017 e o mesmo trimestre deste ano.
Em termos homólogos, a economia portuguesa cresceu 2,1%, um resultado positivo em termos históricos, mas não tanto para o passado recente. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, este é o pior crescimento homólogo desde o terceiro trimestre de 2016, ou seja em ano e meio, quando a economia portuguesa crescia em termos homólogos 2%, ou seja em ano e meio.
A comparação entre os dois primeiros trimestres de cada um dos anos — 2017 e 2018 — oferece uma visão mais equilibrada no que diz respeito aos fatores específicos que afetam os diferentes períodos do ano, mas as justificações para o abrandamento não são muito diferentes. Neste caso, as exportações, em vez de estagnarem, crescem, mas a um ritmo inferior, e o abrandamento verificado é superior ao abrandamento que se verificou no crescimento das importações. Também aqui o resultado podia ser pior, não fosse o crescimento do consumo final (mesmo com as famílias a comprarem menos bens duradouros, neste automóveis já que nos restantes até terá havido mais compras) e do investimento.