Guilherme Pinheiro renunciou esta quarta-feira ao cargo de administrador executivo da SAD do Sporting, conforme foi comunicado através de uma missiva enviada à CMVM. Ainda assim, e em termos práticos, a saída acaba por não ter, para já, qualquer impacto prático na sociedade verde e branca, na medida em que os restantes administradores (Bruno de Carvalho, Carlos Vieira e Rui Caeiro como executivos, e Nuno Correia da Silva, como não executivo, mantêm os respetivos cargos). Certo é que o presidente leonino irá dar uma conferência, a partir das 13 horas, para comentar esse e outros assuntos.

“A Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD vem, nos termos e para efeitos do cumprimento da obrigação de informação que decorre do disposto no artigo 248º, nº1 al. a) do Código dos Valores Mobiliários, informar o mercado da renúncia apresentada pelo Senhor Dr. Guilherme José Araújo da Costa Carracho Lourenço Pinheiro ao cargo de Administrador da Sporting Clube de Portugal – Futebol, SAD”, anunciou a sociedade verde e branca em comunicado enviado à CMVM.

Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), Guilherme Pinheiro entrou na KPMG em 1997: até 1999 pertenceu aos quadros de auditoria da KPMG; a partir daí integrou o departamento de Transactions & Restructuring da KPMG; e em 2007 assumiu também funções de diretor, sendo responsável pela área de Avaliações e Regulação. Entrou na SAD do Sporting em 2013, inicialmente apenas com Bruno de Carvalho e Carlos Vieira, como administrador executivo.

Há menos de um mês, Guilherme Pinheiro tinha concedido uma entrevista conjunta à Sporting TV e ao Jornal Sporting, onde negou a possibilidade da sociedade leonina correr qualquer tipo de risco de insolvência. “A Sporting SAD não está num estado de insolvência. O trabalho que temos feito, patente nos Relatórios e Contas, reflete que não só não estamos nesse estado como conseguimos ultrapassá-lo. Caminhamos cada vez mais para uma situação mais sustentável e sólida. A situação atual da sociedade é muito diferente da que se vivia em 2013. O que é relevante salientar é a enorme melhoria que os resultados líquidos da sociedade tiveram. Os resultados acumulados das últimas quatro épocas ascendem a cerca de 18 milhões de euros. Tivemos, também, uma enorme melhoria dos capitais próprios, que em junho de 2013 eram negativos em cerca de 120 milhões de euros e em junho de 2017 eram já positivos em cerca de 5,6 milhões”, explicou então.

Guilherme Pinheiro começou na SAD como um dos operacionais ligados à negociação, contratação e venda de jogadores, passando depois para uma posição onde estava mais diretamente relacionado com a Academia. Esta semana, no seguimento da transferência gorada de Rui Patrício para Wolverhampton, o antigo administrador foi envolvido numa situação onde acabava por desmentir Bruno de Carvalho: depois do presidente leonino ter explicado que o negócio não se fez porque, dos 18 milhões em causa que seriam pagos, mais de sete seriam para liquidar uma dívida antiga que o Sporting considerava não existir perante a Gestifute, foi conhecido um email onde Pinheiro e o advogado João Filipe Lobão assumiam essa mesma dívida ainda em relação às renovações com Rui Patrício e Adrien no tempo de Godinho Lopes, que seria liquidada em prestações entre agosto de 2018 e janeiro de 2020. Bruno de Carvalho nunca comentou publicamente o caso (pelo menos até hoje).

De acordo com o jornal O Jogo, foram essas “constantes desautorizações” de Bruno de Carvalho em relação ao trabalho que ia fazendo que levaram a essa tomada de posição inesperada esta quarta-feira.

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