As greves dos trabalhadores da Soflusa e Transtejo agendadas para o início da próxima foram desconvocadas, revelou fonte do Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE) ao Observador. O Governo chegou a um acordo com os trabalhadores e anunciou que os salários vão ser aumentados.
Não só a greve foi cancelada como os serviços vão até ser reforçados na madrugada de 13 de junho, “caso os níveis de procura o justifiquem”, anunciou a Trantejo e Soflusa no site. Durante o dia de 13 de junho, será praticado horário de feriado “em virtude da expectável quebra de procura”.
Terminados os plenários convocados pela Comissão Intersindical da Transtejo e pela Comissão Intersindical da Soflusa, o serviço de transporte nas ligações fluviais do Barreiro, Cacilhas, Montijo, Seixal encontra-se, neste momento, normalizado”, lê-se no comunicado publicado no site da Transtejo e Soflusa.
Os trabalhadores da Transtejo tinham agendado uma greve a três horas por turno de serviço nos dias 11 e 12 de junho e os trabalhadores da Soflusa agendaram uma paralisação para 12 de junho. Em causa estava a “paragem total da negociação do Acordo de Empresa”, pelo aumento salarial dos trabalhadores.
A greve iria coincidir com as Festas de Santo António. É um facto que existia um prazo para fixar a data da greve: dez dias a contar da realização do plenário em que foi decidido a paralisação. Mas agendá-la para os dias dos Santos Populares, “foi uma forma de chamar a atenção”, assumiu um dos membros da direção do SITESE a assumir, em declarações ao Observador.
Para os dias 12 e 13 de julho continua agendada uma greve da CP – Comboios de Portugal e das operadoras ferroviárias de transporte de mercadorias Medway e Takargo. Em causa está a circulação de comboios só com um agente. Foi este também o motivo da greve do passado dia 4 de junho — que suprimiu 85% dos comboios em todo o país.
Governo estabelece acordo de “revalorização remuneratória” na Transtejo e na Soflusa
O Governo anunciou que foi estabelecido um acordo de “revalorização remuneratória dos trabalhadores da Transtejo e da Soflusa, indicando que o aumento dos salários vai ser aplicado “de imediato” e vai vigorar até ao final de 2019. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, em conferência de imprensa, no terminal fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa.
Os trabalhadores da Transtejo e da Soflusa que têm um salário mensal inferior a 1000 euros passam a ter um aumento de 20 euros e aqueles que têm um salário superior a 1000 euros passam a ter um aumento de 15 euros, a aplicar de imediato e que vai vigorar até ao final de 2019”, avançou José Mendes.
Além do aumento dos salários, o acordo dá resposta a “uma reivindicação antiga dos trabalhadores, quer da Soflusa, quer da Transtejo, relativamente à incorporação no salário base do subsídio de catamarã e do complemento de remuneração de que usufruem já hoje”, disse o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, explicando que, “durante o que resta de 2018 haverá uma incorporação no salário base de 75% desses subsídios e, a partir de 1 de janeiro de 2019, serão incorporados os restantes 25%”. Já os trabalhadores que hoje não recebem esses subsídios vão ser contemplados com “uma valorização de mais quatro euros mensais”.
No processo negocial dos AE em vigor na Transtejo e na Soflusa, que decorreu esta semana com reuniões entre as comissões intersindicais e a administração das empresas, com a presença do secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, foi ainda decidido negociar, até ao final de 2018, o regulamento de carreiras destas empresas, “de tal forma que esses novos regulamentos passarão a produzir efeitos a partir de 1 de janeiro de 2019”, referiu o governante.
Questionado se este acordo proporciona um período de paz social na Transtejo e na Soflusa, José Mendes afirmou que “estas empresas não se caracterizam de resto por nenhuma forma de instabilidade, naturalmente os trabalhadores fazem o seu papel, portanto era o período de fazermos uma negociação para a valorização salarial, isso foi feito e este acordo, em termos salariais, é válido até ao final de 2019”.