A exposição “I’m your mirror” de Joana Vasconcelos no Museu Guggenheim Blibao, que inclui 14 peças novas e é a primeira mostra individual de um artista português naquele espaço em Espanha, é inaugurada na sexta-feira.
“I’m your mirror” é composta por cerca de 35 obras de Joana Vasconcelos, 14 das quais novas, incluindo uma máscara veneziana, feita com 231 molduras de duplo espelho e que tem um peso aproximado de 2,5 toneladas, que é a ‘estrela’ da exposição.
Entre as obras de grandes dimensões que a artista criou para a mostra está também um anel solitário, com 112 jantes de carro e 1.324 copos de cristal, que pesa cerca de três toneladas, e uma obra ‘site specific’ (feita de propósito para o local), da série “Valquírias”.
Esta obra, com 30 metros de altura, 36 de largura e 45 de profundidade, explicou a artista em Lisboa, em fevereiro, na conferência de imprensa de apresentação de “I’m your mirror”, ficará no átrio do museu e “entra pelos cantos e ângulos que Frank Gehry [arquiteto que projetou o museu] desenhou para o Guggenheim”.
“Egeria”, “uma homenagem à primeira mulher a escrever um livro das viagens que fez na Europa no século III”, começou a ser feita, por módulos, no final do ano passado, e demorou “cerca de dez dias a instalar, tanto como outras dez ou 15 peças”.
A peça inclui tecidos portugueses e outros que a artista coleciona, recolhidos pelo mundo, bordados, pedraria, lantejoulas e luzes LED.
O museu tentou que na mostra “haja peças muito significativas de toda a trajetória de Joana Vasconcelos, mas também trabalhos novos”, segundo um dos comissários de “I’m your mirror”, Enrique Juncosa, que considera que obra da artista “casa o muito sofisticado com o popular”.
Por isso, para Bilbao Joana Vasconcelos leva também algumas das suas peças mais icónicas como “A Noiva”, um candelabro feito com tampões, ou “Marilyn”, um par de sapatos de salto alto feito com panelas, e outras peças das séries “Urinóis”, “Pinturas em crochet” e “Bordalos”.
Também o “Pop Galo”, um gigantesco Galo de Barcelos em azulejo e luzes LED, que iniciou no final de 2016, em Lisboa, uma itinerância por várias cidades do mundo, está também integrado na mostra.
A obra mais antiga que estará em exposição data de 1997, ano em que o Museu Guggenheim Bilbao abriu ao público.
O título da exposição “é também uma homenagem a Nico [voz da canção ‘I’ll be your mirror’, dos Velvet Underground]”. No título da canção, o verbo é usado no futuro (“serei o teu espelho”), mas no da exposição, no presente (“sou o teu espelho”), porque a mostra “espelha o presente, não o futuro” e o trabalho da artista “é um reflexo do mundo que a rodeia”.
“I’m your mirror” insere-se na “linha de pensamento curatória do Museu Guggenheim Bilbao, iniciada há quatro anos, de grandes exposições de mulheres artistas”, de acordo com Petra Joos, a outra comissária da mostra.
Depois de Bilbao, onde a mostra fica patente até 11 de novembro, está a ser “preparada uma itinerância”, estando “Petra Joos a trabalhar com Serralves e Roterdão para que a acolham”.
Joana Vasconcelos, 46 anos, começou a expor na década de 1990, tendo o seu trabalho começado a tornar-se conhecido internacionalmente em 2005, ano em que participou na Bienal de Veneza com a peça “A Noiva”.
Em 2012, tornou-se na primeira mulher e artista mais jovem a expor obras no Palácio de Versalhes, em Paris.
Um ano depois representou oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza, num projeto comissariado por Miguel Amado, que levou um cacilheiro, transformado em obra de arte, ao recinto principal da mostra internacional de arte contemporânea.