Luís Marques Mendes afirmou que o PSD de Rui Rio não vai viabilizar o orçamento para evitar uma crise política caso a geringonça falhe: “Eu julgo que vai votar contra. Seria um suicídio político. Esta é a lei mais importante de um Governo. Uma decisão dessas dava quase uma “guerra civil” dentro do PSD”, disse o comentador da SIC no Jornal da Noite.

Para o ex-presidente do PSD, uma viabilização do Orçamento de Estado “corresponderia, na prática, a avalizar a política da geringonça” e poria em causa o papel de opositor ao Governo que lhe cabe: “O PSD passaria a ser muito mais como um amuleto do que como uma alternativa” do Governo. Se o PSD assinasse o orçamento em que a geringonça não tivesse chegado a acordo, “Assunção Cristas passava a ser, na prática, a única líder de oposição ao Governo”, prevê Marques Mendes.

Ainda assim, o comentador da SIC diz que as especulações em redor da aprovação do Orçamento de Estado para 2019 são exageradas: “Eu mantenho a opinião de que estão todos a dramatizar. O PCP e o Bloco de Esquerda estão a dramatizar porque querem esticar a corda, querem obrigar o Governo o mais possível a abrir os cordões à bolsa para terem ganhos de caso. Foi sempre assim. O PS está a dramatizar porque está disposto a negociar mas pouco”.

Marques Mendes volta a defender que todos acabarão por alcançar o equilíbrio porque nenhum dos partidos quer uma crise política: “O Bloco não quer abrir uma crise política porque o seu objetivo é no futuro ir para o Governo com o PS. Ora, quem quer ir para um Governo do PS, no futuro, não vai hostilizar o PS agora chumbando o Orçamento. O PCP não quer repetir a geringonça depois de 2019. Mas quer levar este compromisso até ao fim”. Quanto ao PS, Marques Mendes diz que o partido também não quer abrir uma crise: “Seria reconhecer que esta solução política falhou. O acordo de concertação social vai por diante, mas o Governo pode fazer uma cedência de juntar mais dois ou três pontos que possam satisfazer os parceiros à esquerda. Está em tudo esta hipótese”.

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Partidos vão mudar lei para levantar sigilo bancário

Luís Marques Mendes também opinou sobre o levantamento do sigilo bancário ao comentar o término da auditoria à Caixa Geral de Depósitos e avançou que os partidos vão mudar a lei em setembro para promover o fim do segredo bancário, que impede a Caixa de publicar o resultado da auditoria: “Porque o segredo bancário é um bem mas não é um valor absoluto; segundo, porque estamos a falar de uma dúzia de grandes casos de empréstimos que manifestamente não foram pagos e que justificaram a entrada de dinheiros públicos”.

Sobre essa auditoria, Marques Mendes sublinhou que o facto de ter sido enviada ao Ministério Público, mas não ter sido divulgada nem à Assembleia da República nem ao país já é indício: “Se foi enviada para o Ministério Público significa que há indícios da prática de crimes; depois, se não foi divulgada publicamente é por causa do chamado segredo bancário”. Sobre esse sigilo, e apesar da polémica que entretanto se gerou, Marques Mendes defendeu a posição da Caixa Geral de Depósitos. “Não pode divulgar a auditoria enquanto a lei sobre o segredo bancário não for alterada. Porque a lei não permite a divulgação. Quem não tem razão são aqueles que deviam ajudar a mudar a lei, que são Banco de Portugal e a Associação Portuguesa de Bancos”, condena.

Para Marques Mendes, os argumentos defendidos pelo Banco de Portugal e pela Associação Portuguesa de Bancos – ambos dizem que quebrar o sigilo bancário destrói a confiança dos cidadãos na banca — não têm sentido. O comentador da SIC enumera três aspetos que podem quebrar essa confiança: “É não saber que critérios levaram à concessão desses empréstimos. Foi por amiguismo, por favorecimento pessoal ou político ou por incompetência? É não saber quem foram os diretores e gestores que concederem esses empréstimos duvidosos, que não tinham as garantias que deviam ter. O que destrói a confiança são aquelas empresas que não pagaram, foram à falência mas ao mesmo tempo as pessoas veem os seus donos a viver em grande, com dinheiro, com património e ostentação. Às vezes ficam mais ricos”.