Os lucros do Millennium BCP dispararam 67,5% no primeiro semestre, para 150,6 milhões de euros, informou o banco em comunicado difundido pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Os resultados do primeiro semestre foram apresentados esta quinta-feira, em Lisboa, em conferência de imprensa agora protagonizada pelo novo presidente da comissão executiva, Miguel Maya (que sucedeu a Nuno Amado, que ascendeu a presidente do conselho de administração, ou chairman). O BCP adianta que vai estar cada vez mais ativo no crédito a particulares e crédito ao consumo, mas tendo aprendido com “os erros do passado”.

No mesmo período do ano passado, o Millennium BCP tinha registado lucros de 89,9 milhões de euros. Para o resultado de 150,6 milhões de euros do grupo contribuiu a “evolução muito favorável do resultado da atividade em Portugal” — esta fechou o primeiro semestre com um resultado positivo de 59 milhões de euros, que compara com os 1,6 milhões do período homólogo.

A margem financeira teve um aumento de 1,3%. O indicador subiu, sobretudo graças à atividade internacional, para 687,7 milhões (385 milhões vindos de Portugal) — este é o indicador que mede a diferença entre aquilo que o banco paga para se financiar (através dos depósitos, por exemplo) e o que recebe nos juros que cobra pelos créditos. Por outro lado, o banco obteve 278,3 milhões em comissões bancárias, um aumento de 2,5% (e de 3,9% em Portugal). Quando se olha para as comissões totais (bancárias, mercados e outras) estas subiram 3%.

Também decisivo para o aumento dos custos é que o banco registou menos 28% em imparidades de crédito (líquidas de recuperações) — no ano passado tinham sido registadas imparidades de 305 milhões e, neste primeiro semestre, essa variável (que subtrai diretamente aos resultados) baixou para cerca de 221 milhões de euros. O banco tinha 12.783 milhões de euros em exposições problemáticas em 2013, um valor que agora é de 5.900 milhões. Considerando os valores que já estão cobertos por imparidades registadas, as chamadas non-performing exposures líquidas de imparidades eram de 9,8 mil milhões no final de 2013 e baixaram para 3,1 mil milhões em 30 de junho de 2018.

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O banco gastou mais, porém, com custos operacionais (a reposição dos cortes salariais anunciada pelo banco teve um impacto). Os custos recorrentes (que inclui os salários) ascenderam a 493 milhões de euros, um aumento de 4%.

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O BCP teve, assinalou Miguel Maya, um “aumento significativo” nas novas operações de crédito à habitação, um indicador que disparou quase 73% em relação ao ano passado. No crédito ao consumo, houve um aumento de 19%. Mas o novo presidente executivo do banco diz que nestes aumentos do crédito “não há facilidades, há procura. Com o mesmo rigor conseguimos ter um crescimento significativo”. “O crédito é feito com uma enorme preocupação de risco, aconselhando bem os clientes e evitando situações que se podem transformar em desequilíbrios”, garante o responsável.

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Miguel Maya garante que o banco “aprendeu com os erros do passado e quando se aprende com o passado não se comete os mesmos erros”. O banco está a conceder mais crédito — um aumento de 50% na novo produção de crédito total a particulares — mas isso é apenas resultado de “nos termos perguntado porque é que alguns dos nossos clientes iam obter crédito junto de outras entidades financeiras, porque é que não faziam connosco”. O BCP vai estar cada vez mais ativo neste mercado do crédito a particulares, adianta Miguel Maya.

Quanto às empresas, Miguel Maya referiu que existe mais procura por parte das empresas e que, no caso do BCP, “os clientes têm estado recetivos a trabalhar com um banco privado português”, depois da “reconfiguração” que houve no setor nos últimos anos.