As conversas de bastidores até entre as próprias candidaturas às eleições do Sporting ganharam pela primeira vez um espelho esta quinta-feira, com a publicação no jornal A Bola de um estudo feito pela Intercampus sobre as tendências de voto entre o universo leonino para o sufrágio de 8 de setembro. Em resumo, e indo ao principal resultado de qualquer sondagem que se faz, Frederico Varandas lidera com 35,4% e tem apenas um rival mais próximo a discutir essa posição: João Benedito, com 28,4%. No entanto, e tendo em conta que existe ainda um lapso de mais de duas semanas até ao dia, é nos outros valores que se podem perceber nas entrelinhas que poderá estar o verdadeiro segredo em termos de votação final.
Com Varandas e Benedito, que espaço ainda resta no eleitorado do Sporting para as outras listas?
Recuando até 2011, naquela que tinha sido até agora a eleição do clube verde e branco com mais candidatos (cinco), também houve uma sondagem que acabou por fazer a diferença na campanha daí para a frente: no mesmo jornal, mas seguindo um trabalho da Euroexpansão, Bruno de Carvalho capitalizava os ganhos do primeiro debate entre todas as listas e bipolarizava o sufrágio com Godinho Lopes, então com uma margem mais pequena entre ambos (25,3%-23,1%), mas suficiente para colocar o resto dos dias até às urnas mais focados neste despique em particular. Chegados às urnas, esse primeiro lugar acabou por mudar de dono e tudo ficou decidido por apenas 400 votos, explicados por muitos (e aqui polémicas à parte) como o fenómeno do “voto útil” que acabou por penalizar sobretudo Pedro Baltazar (8,8%).
Eleições no Sporting. As noites longas com esperas, assaltos e invasões
Olhando para os ensinamentos do passado à luz dos atuais resultados publicados agora (haverá uma nova sondagem feito por outra empresa que sairá nos próximos dias), confirma-se que o antigo diretor clínico do Sporting lidera a corrida e que o principal adversário é o ex-capitão do futsal leonino. No entanto, os outros cinco candidatos terão um peso grande na decisão apesar dos números reduzidos agora apresentados entre os muitos indecisos que ainda existem (José Maria Ricciardi, 5,3%; Dias Ferreira, 2,8%; Pedro Madeira Rodrigues, 1,3%; Fernando Tavares Pereira, 0,9%; Rui Jorge Rego, 0,3%).
O estudo, feito nas imediações do estádio José Alvalade com um total de 615 entrevistas, não reflete ainda os resultados saídos dos primeiros debates entre candidatos, a sete na Sporting TV no último domingo, a dois daí para a frente entre o canal do clube, a TVI ou a CMTV. No entanto, conseguem retirar-se alguns dados tipificados em termos de eleitorado: o público mais novo inclina-se mais para João Benedito, o público mais velho prefere Frederico Varandas, a franja 35-44 anos, que possui em muitos casos oito, nove e dez votos, tem o peso decisor tal como tinha ficado refletido na última Assembleia Geral destitutiva.
Ainda assim, e atentando também no eleitorado tipo que cada um dos candidatos tem vindo a tentar conquistar ao longo das últimas semanas, são as margens de crescimento dos restantes cinco elementos que poderá decidir a eleição: por um lado, os 5,3% de José Maria Ricciardi parecem estar longe do resultado mais real, havendo caminho para conseguir mais votos entre os sócios mais velhos e, por norma, com maior antiguidade – o que prejudicaria Varandas; por outro, os 2,8% de Dias Ferreira têm também potencial de inflação, neste caso entre públicos mais velhos mas também mais novos, onde a expressão é demasiado diminuta – o que prejudicaria Benedito; por fim, e olhando sobretudo para o caso de Pedro Madeira Rodrigues (1,3%), a entrada dos debates e as entrevistas que tem vindo a dar tende a aumentar o resultado de forma transversal.
Partindo do pressuposto de que não existirão desistências de última hora, e percebendo que haverá uma novidade no calendário eleitoral com um debate na véspera das eleições (que pode ter um peso decisivo também entre a franja grande de indecisos), o único dado que nesta altura se regista – e que é desvalorizado por todos – passa pela tendência para bipolarizar esta corrida, tal como já tinha acontecido em 2011. No entanto, o espaço para surpresas continua em aberto.