A manutenção e o aluguer de comboios a Espanha têm sido as soluções apontadas pela administração da CP – Comboios de Portugal para a sua operação, que tem sido alvo de críticas de utentes e partidos.
Depois de visitar uma oficina da EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, em Lisboa, no início da semana passada, o presidente da CP, Carlos Nogueira indicava que a empresa paga atualmente sete milhões de euros por ano à operadora espanhola Renfe pelo aluguer de 20 composições, pelo que com a esperada chegada de mais seis a dez comboios fará a fatura aumentar até mais 3,5 milhões de euros.
Com uma frota a diesel com mais de 50 anos, a última compra de comboios em 2002 e a expectativa de um burocrático concurso para novas aquisições levou o responsável a sublinhar a importância da manutenção e das novas contratações para as oficinas.
“Um efetivo incremento à capacidade de reparação, que tem de ser tempestiva para que os comboios possam circular”, foi como classificou Carlos Nogueira a entrada de 102 elementos para a EMEF, anunciada pelo Governo e muito questionada pelos sindicatos.
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS) garantiu que o Governo não homologou 40 processos de integração de precários em empresas públicas (PREVAP).
“Com efeito, já questionámos, sem resposta, que o anúncio de 102 trabalhadores para a EMEF, na prática, sejam apenas 40, porque da informação que nos chega, 62 desses trabalhadores são a passagem de vínculos precários a efetivos e esses não acrescentam mais trabalhadores aos atuais”, divulgou a FECTRANS, garantindo que 40 novos elementos “não chegam para colmatar as saídas de trabalhadores que irão acontecer este ano na EMEF, cerca de uma centena”.
Na discussão política, as alterações temporárias nos horários de várias linhas e a suspensão de vendas de bilhetes devido a temperaturas elevadas fizeram elevar o tom das críticas ao Governo.
No início do mês, o PSD responsabilizou o Governo pelo estado de “falência operacional” da CP, enquanto o CDS-PP notou uma “situação de colapso” na empresa e solicitou a antecipação da reunião da Comissão Permanente do parlamento para ouvir o ministro do Planeamento, Pedro Marques.
O PCP também tinha já assegurado que iria questionar o Governo e o presidente da CP, no parlamento, sobre a “rutura na oferta e serviços ferroviários”.
Em resposta, o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins, considerou que a oposição PSD/CDS-PP estava “a criar um caso que não existe de todo” e na semana passada argumentou sobre o “desinvestimento no grupo CP” no passado, com a redução em cerca de um terço de trabalhadores entre 2010 e 2015.
Sobre a reposição de horários, o responsável referiu que na linha de Cascais acontecerá em setembro, enquanto na linha de Sintra o calendário aponta para outubro e no Oeste para novembro.
As alterações são justificadas com necessidades e manutenções de material circulante.
O CDS-PP reafirmou críticas na semana passada durante viagens de comboios, enquanto a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, garantiu que a solução no setor não passa pela privatização.
Entretanto, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, agendou para segunda-feira uma conferência de líderes para analisar o pedido do CDS-PP de uma reunião extraordinária da comissão permanente para debater a situação da ferrovia.
A mais recente polémica na discussão partidária em torno dos comboios foi o aluguer por parte do PS de um comboio especial para a sua ‘rentrée’ política em Caminha, Viana do Castelo.