A família Reavis – pai, mãe e dois filhos, de 3 e 5 anos – deslocavam-se na auto-estrada 75 nos arredores de Dallas, em 2016, num Lexus ES300 de 2002. Todos eles devidamente sentados com cintos de segurança e os mais novos bem sentados em cadeirinhas de retenção, específicas para a sua idade. A viagem foi encurtada quando o Lexus foi embatido por trás por outro veículo, um SUV que circulava a 75 km/h, conduzido por Michael Mummaw, acompanhado por outro adulto.
Os ocupantes dos bancos da frente saíram sem ferimentos graves, mas o mesmo já não aconteceu com as crianças. E a explicação foi simples e não favorece a marca de luxo do grupo Toyota: os bancos da frente não suportaram o embate, a articulação das costas partiu e acabaram por agredir as crianças na cabeça. Com tal violência que sofreram fracturas cranianas e danos permanentes.
Face a este cenário, a possibilidade de defesa da Toyota não só era nula, como até contraproducente. E foi esta também a posição do júri no julgamento, que se seguiu à acção apresentada pela família Reavis à Toyota Motor Corporation. Deu o tribunal como provado que existia um defeito de concepção nos bancos dianteiros do ES300, que expunha a um risco acima do razoável os ocupantes traseiros, e que foi isso que causou os lamentáveis danos na cabeça das crianças. E, por isso mesmo, atribuiu uma punição de 242 milhões de dólares (207 milhões de euros) à Toyota, que assim teve de pagar à família 144 milhões de dólares de indemnização, a somar aos 92 milhões para cobrir os custos com tratamentos médicos das crianças e compensação pelos danos permanentes.
A isto o fabricante respondeu, através de um porta-voz, que “apesar de respeitarmos a decisão do júri, continuamos convencidos que os danos que as crianças sofreram foram devidos à severidade do embate e não a um defeito de concepção do ES300”. Afirmando, em jeito de conclusão, que “vamos considerar as nossas opções para o futuro”. Entretanto, pode ver aqui a explicação técnica para os danos sofridos pelas crianças.