A RVE.Sol, uma startup de Leiria responsável por uma tecnologia que fornece energia renovável a várias comunidades rurais em África, fechou uma ronda de investimento Série A no valor de 2,5 milhões de euros. O investimento vai servir para a empresa chegar a mais locais, iniciando assim a eletrificação na região rural de Busia, no Quénia, país onde têm vindo a apostar.

Esta ronda de investimento foi liderada pela empresa francesa Egis Group – ligada às áreas de infraestruturas e transportes – e pela sul-africana G7 Renewable Energies, sediada na cidade do Cabo, que aposta no desenvolvimento e exploração de energias renováveis. O investimento vai permitir à mini-rede Kudura levar eletricidade e água potável a 15 mil pessoas, criando mais de 20 postos de trabalho diretos no Quénia. A empresa pretende expandir a tecnologia para mais 50 mil moradores, no este de África, até 2020.

Segundo Vivian Vendeirinho, fundador e diretor da RVE.Sol, “o investimento vai permitir construir centrais em 15 comunidades durante os próximos 18 meses”, referiu ao Observador, salientando a importância da aposta vinda de França, onde “há uma vontade diferente em termos de investimento neste setor, que está em constante desenvolvimento”. De acordo com a empresa, “a ronda de financiamento foi também seguida pelos investidores de capital semente originais, a InnoEnergy e a RKW”.

Estamos a falar de 20% das pessoas com acesso a energia, geralmente através das redes nacionais, em países africanos e temos lá 80% de uma população que não tem acesso a energia. Achamos que este é um mercado muito interessante quando aplicado em países que possam ter rendimento para este efeito”, sublinhou o diretor da RVE.Sol.

A RVE.Sol nasceu em 2010, fruto da vontade de Vivian Vendeirinho — nascido na África do Sul e com ascendência portuguesa — em permitir às comunidades rurais o acesso a água e energia e, ao mesmo tempo, conseguir uma empresa com um negócio financeiramente sustentável. Tudo isto é feito através do sistema Kudura, uma central instalada num contentor, que permite o acesso das comunidades a água potável, eletricidade e biogás a preços mais acessíveis e sem recorrer ao uso de querosene, pilhas e lenha/carvão. Para aceder a este serviço, a população tem ao seu dispor um sistema de pré-pagamento. Com isto, a empresa também quer potenciar a criação de riqueza dentro da própria comunidade.

Muitas pessoas utilizam a agricultura como forma de subsistência. E esse modelo de negócio, com o acesso a energia e água, dá competências para se iniciarem pequenos negócios locais, aproveitando a energia e água para criar produtos e serviços de mais valia, para assim aumentar o rendimento das populações”, explicou Vivian Vendeirinho.

A empresa trabalha principalmente na região do Quénia, mas também está em Moçambique, Tanzânia, Nigéria e Guiné-Bissau. Nos próximos cinco anos, a RVE.Sol planeia a eletrificação de mais 150 comunidades. “Estamos a trabalhar numa área que é muito necessária para o desenvolvimento do continente e da sua economia e resolver este problema da pobreza rural”, acrescentou o diretor da empresa.

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