As células de combustível, ou fuel cells, dispositivos que promovem o inverso da electrólise da água, gerando energia quando associam o hidrogénio ao oxigénio que existe no ar para formar água, afinal não necessitam apenas de ar. Precisam que ele seja puro ou, pelo menos, não muito poluído.
Há mais de uma dezena de anos que as fuel cells são apontadas como o futuro e, na nossa opinião, um futuro muito mais risonho (e sem contrariedades) do que os eléctricos alimentados por baterias. Porém, não tem sido fácil fabricá-los em série, nem de forma barata.
A Toyota é dos fabricantes mais avançados neste domínio (a Honda e a Hyundai também têm uns produtos nesta área), mas se o Mirai é uma proposta muito interessante, uma vez que não necessita de se ligar à rede eléctrica para alimentar o motor, a realidade é que é proposto por valor muito mais elevado do que os veículos eléctricos modernos com acumulador.
Mas o que é difícil de entender é o motivo pelo qual uma tecnologia que tem um potencial incrível, e que está em fase de testes há mais de 10 anos, continua a ser colocada de lado pela maioria dos fabricantes de automóveis e, mesmo para os que a abraçaram, continua a ter uma representação marginal na sua gama. A resposta sempre teve a ver com os custos e a fiabilidade, sobretudo quando fabricada em grande quantidade. Mas, aparentemente, já se sabe porquê.
Um estudo realizado pela Daimler (que também trabalha há anos com veículos a hidrogénio e células de combustível), pela Forschungszentrum Jülich e pela ZBT, visou responder as estas e outras questões. E os resultados são problemáticos. Não porque as fuel cells não funcionem, mas porque afinal elas dependem da qualidade do ar que associam ao hidrogénio que os veículos transportam a bordo, para gerar água e energia eléctrica. Não deixa de ser curioso que um sistema criado para tornar mais limpo o ar que respiramos necessite, para funcionar, de ar… limpo!
De acordo com o que foi apurado no estudo mencionado, as fuel cells são sensíveis a uma série de poluentes que existem no ar que respiramos, essencialmente aos óxidos e dióxidos de azoto (NO e NO2), ao dióxido de enxofre (SO2) e ao NH3, basicamente amoníaco. Além de roubar entre 5 e 10% da eficácia da fuel cell, o amoníaco causa uma perda progressiva de eficácia da produção de energia de 3%, o que a prazo não só anula a sua eficácia como impede o sistema de garantir um tempo de vida útil compatível com o ciclo de vida dos veículos, o que provoca alguns transtornos em termos de garantias.
Ao que tudo indica, é o tempo de vida útil da membrana que permite ao hidrogénio ligar-se ao oxigénio que existe no ar para formar água (e energia, no processo) que mais sofre com a presença no NH3. E os resultados dos testes foram unânimes, pois além das maleitas devidas ao NH3, também os óxidos de azoto limitam a a capacidade de produzir energia, sendo que ambos os gases encontram-se em abundância no ar que respiramos nas grandes cidades.
Isto significa que só depois de muitos carros eléctricos ajudarem a limpar o ar nos centros urbanos, é que os carros a fuel cell têm uma hipótese de ter sucesso.
https://www.youtube.com/watch?v=GtsWhLtNc5E