Não terão sido poucos aqueles que, no último defeso, torceram o nariz ao resgate de Alfa Semedo ao Moreirense. Não era um resgate normal — no sentido em que não era um regresso após empréstimo. Era mesmo uma compra e o preço a pagar foram dois milhões. Um valor que, exagerado ou não, Alfa Semedo ‘pagou’ esta noite: ao apontar o golo decisivo frente ao AEK, o médio fez com que os encarnados encaixassem 2,7 milhões de euros. Não só fez o clube recuperar o dinheiro que investiu, como ainda ‘deu lucro’. Quanto a isso, fim de conversa.

O médio, que chegou para fazer sombra a Fejsa, vestiu a camisola de herói improvável do jogo. Porque estava em estreia pela Liga dos Campeões, porque nunca tinha marcado pelo Benfica — e porque aquele foi, em bom rigor, o primeiro remate das águias na segunda parte, aos 75 minutos. O miúdo recuperou a bola a meio campo, ligou o turbo, ultrapassou dois adversários e, de fora da área, rematou cruzado, muito colocado, para o 3-2 final — coroando com vitória uma exibição confrangedora a partir da meia hora de jogo.

Com o golo, não só marcou pela primeira vez na equipa principal dos encarnados, como se tornou o primeiro jogador da Guiné-Bissau a faturar na Champions. O jovem guineense chegou a Portugal em 2014, vindo do Fidjus di Bideras, e passou duas épocas na formação do Benfica. Por lá marcou 12 golos em duas épocas — dez deles em 2015/16 — antes de ser emprestado ao Vilafranquense.

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Não regressou à Luz, como provavelmente desejava, foi antes vendido ao Moreirense, onde passou a última temporada. O saldo de três golos em 34 jogos mas, sobretudo, a regularidade que evidenciou no meio-campo minhoto, conquistaram Rui Vitória, que viu no jovem guineense uma alternativa a a — muito propenso a problemas físicos — podendo até alinhar ao seu lado, caso o técnico optasse por um 4x4x2 mais defensivo.

Depois vieram os tais dois milhões — com os quais o Benfica venceu a concorrência do Club Brugge, que até oferecia mais mas que viu os encarnados acionarem o seu direito de preferência — e, logo na pré-época, deu nas vistas, sobretudo no jogo com o Borussia Dortmund. Não só na boa parelha que fez com Pizzi, como pelo golo que marcou — e que levou os encarnados a penáltis, onde venceu.

Antes deste jogo com o AEK, o médio tinha sido opção de Rui Vitória em seis jogos, onde foi sempre suplente utilizado: V. Guimarães, Fenerbahçe, Boavista, PAOK, Nacional e Rio Ave. À sétima foi de vez: o jovem jogador marcou, foi decisivo, quebrou um velho enguiço encarnado e mostrou que pode ser opção de futuro.