O Governo venezuelano anunciou este domingo que o preso político e ex-dirigente estudantil Lorent Enrique Gómez Saleh foi libertado e enviado para a Espanha como parte de um plano de reconciliação promovido pelo Presidente Nicolás Maduro.
A libertação teve por base recomendações da Comissão da Verdade da Assembleia Constituinte (AC, composta unicamente por militantes do regime), segundo a qual o detido manifestava tendências suicidas. “Foram acordadas medidas cautelares substitutas ao cidadão Lorent Enrique Gómez Saleh (…) nesse contexto o referido cidadão foi enviado para Espanha na companhia das autoridades do Governo desse país, em atenção a um pedido feito perante esta Comissão pela mãe Yamilet Saleh e pelo próprio Lorent Saleh”, lê-se num comunicado da AC.
De acordo com o documento, Lorent Saleh estava preso “por participar na comissão de delitos contra a ordem constitucional no quadro de graves ações dirigidas a gerar violência, desestabilização e alteração da paz” no país.
Durante o tempo que esteve detido, Lorent Saleh foi submetido a diversas avaliações psicológicas, manifestando condições violentas, destrutivas e suicidas, que ponham em perigo a sua integridade pessoal, pelo que foram feitas um conjunto de recomendações dirigidas a reduzir o risco que poderia representar nestas condições”, refere o mesmo texto.
A oposição venezuelana já reagiu à libertação dizendo tratar-se de uma tentativa do Governo de desviar as atenções da morte do opositor venezuelano Fernando Albán em Caracas, na passada segunda-feira. Segundo as autoridades venezuelanas, Fernando Albán suicidou-se lançando-se do 10.º piso do edifício dos serviços secretos, onde se encontrava preso, mas a oposição assegura que foi “assassinado às mãos do regime de Nicolás Maduro” e recusa aceitar a tese de suicídio.
Lorent Enrique Gómez Saleh foi detido em 2014, depois de ser deportado da Colômbia que o acusou de “atividades proselitistas ilegais”. Foi entregue aos serviços secretos venezuelanos e acusado de falsificação de documentos venezuelanos que seriam entregues a colombianos para participar em protestos violentos e alegadas atividades paramilitares, assim como planificar um alegado atentado contra o Presidente Nicolás Maduro. Para a oposição venezuelana, Lorent Enrique Gómez Saleh era um preso político.