A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) chegou a acordo com Andreia Couto, a ex-diretora jurídica, diretora executiva e presidente interina do organismo que tinha sido despedida por justa causa e alvo de uma queixa-crime por suspeitas de divulgação de documentação confidencial e acesso indevido à mesma. De acordo com a edição desta terça-feira do jornal A Bola, as duas partes chegaram a um acordo para a rescisão do contrato de trabalho e Andreia Couto vai receber uma indemnização no valor de 100 mil euros – para além de ficar sem efeito o processo disciplinar que lhe tinha sido movido.

Como consequência do acordo, cai ainda por terra o recurso hierárquico que Andreia Couto tinha entretanto interposto. O jornal desportivo avança ainda que o acordo entre a Liga e a ex-funcionária aconteceu a pedido de alguns elementos da atual Direção da LPFP, presidida atualmente por Pedro Proença.

Andreia Couto, que entrou para a LPFP em 2002 e é irmã de Fernando Couto, antigo internacional português, integrou várias direções do organismo mas perdeu protagonismo com a entrada de Pedro Proença, em julho de 2015. O caso remontava a abril e Andreia Couto estaria a ser investigada por suspeitas de divulgação de documentação confidencial e acesso indevido à mesma e a Polícia Judiciária teria mesmo apreendido o telemóvel e o computador da ex-diretora executiva. Além disso, a Liga alegava ainda que a ex-funcionária “desrespeitou” Pedro Proença durante uma sessão de formação e “falsificou as declarações de amamentação do filho mais novo”.

Liga despede ex-diretora executiva por justa causa e apresenta queixa-crime. Andreia Couto investigada pela PJ

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Segundo o jornal A Bola, que citava o despacho proferido por Pedro Proença e Sónia Carneiro, a atual diretora executiva da LPFP, Andreia Couto “efetuou cópias de determinados documentos para uma pen” e “acedeu a arquivos digitais da LPFP para os quais não estava devidamente autorizada”. Em causa estão vários contratos da Liga com diferentes entidades que foram tornados públicos – a direção da Liga suspeitava, então, que teria sido Andreia Couto a responsável pela fuga de informação.

Em resposta às acusações, a antiga funcionária da LPFP rebateu todas as alegações via prova documental e afirmou não reconhecer “legitimidade” à Liga para a sancionar com “despedimento por justa causa”, acrescentando que em momento algum acedeu a “informação a que não pudesse aceder”. Andreia Couto reconhecia, ainda assim, que transferiu vários documentos para uma pen mas garantia que com a finalidade de “responder com a prontidão exigida perante qualquer solicitação da LPFP”.

Andreia Couto acrescentava que sempre se mostrou disponível para colocar um término na sua relação contratual com a Liga mediante “compensação monetária” e que toda a situação seria resolvida em tribunal. Na passada semana, em resposta às notícias que davam conta do despedimento por justa causa e da investigação da Polícia Judiciária, Andreia Couto emitiu um comunicado onde afirmava ser “redondamente falso” que tenha passado informações confidenciais para o exterior.

“No relatório/decisão proferido no âmbito do processo disciplinar em nenhum lado se me imputa tais factos e até pode ler-se ‘ao contrário do que a trabalhadora tentou fazer crer, a arguente não insinua que aquela é responsável voluntária pela divulgação pública dos ficheiros da LPFP’. Esclareço ainda que na nota de culpa que me foi enviada, apesar de ser expressamente manifestada a intenção de despedir, esses factos não vêm alegados. Desconheço a existência de qualquer participação crime que tenha sido efetuada contra mim. Já reagi judicialmente contra a decisão de despedimento”, acrescentava ainda Andreia Couto.