Trinta cargas de explosivos, três granadas ofensivas, duas granadas de gás lacrimogéneo e um disparador e descompressão: estes são os artigos, além das munições para pistolas, que foram roubados dos paióis de Tancos e que ainda não foram devolvidos. A falta está registada nas listas do material de guerra furtado em Tancos e que foi recuperado pela Polícia Judiciária Militar (PJM) enviadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) à Comissão de Defesa Nacional do Parlamento, avança o Diário de Notícias citando fontes envolvidas na investigação criminal.

A informação reunida nessas listas é diferente, contudo, da versão apresentada pelo Exército, segundo o qual apenas 1450 munições de 9mm, para pistolas Glock, não tinham sido recuperadas. A discrepância do material já tinha sido, aliás, alvo de alerta pelo Ministério Público (MP), dado o risco que o paradeiro desconhecido deste material de guerra representa para a segurança pública — um aviso incluído num recurso dirigido ao Tribunal de Relação no âmbito da investigação, no passado mês de março. “As listas enviadas ao parlamento são as mesmas que a PJM cedeu ao MP e há discrepâncias”, garantem as mesmas fontes.

As listas dão também informação diferente à que foi declarada pelo responsáveis da Segurança Interna, Serviços de Informações e do Exército quando foram chamados ao parlamento: garantiram não ter conhecimento de mais material por recuperar. Uma audição em que o ex-chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, deu informação errada ao parlamento sobre os autos de apreensão do material.

Tancos. O que já aconteceu e o que ainda vai acontecer

Recorde-se que, de acordo com a lista publicada pelo Ministério da Defesa no relatório “Tancos – Factos e Documentos” , em 28 de junho do ano passado, tinham sido roubadas dos paíóis 22 bobines de arame de tropeçar, 1.450 munições de 9 mm, 15 disparadores, 18 granadas de mão de gás lacrimogéneo, 30 granadas de mão de instrução, 120 granadas de mão ofensivas, 44 LAW (arma anti carro), 102 cargas de corte explosivas, 264 velas de explosivo plástico PE-4A, 30,5 lâminas explosivas e 60 iniciadores. Na equipa de investigação há, no entanto, quem não descarte a possibilidade de o inventário inicial ter sido mal feito ou mesmo do registo dos paióis não estar rigoroso.

Esta sexta-feira, o parlamento vota a proposta do CDS-PP para constituir uma comissão de inquérito ao furto de armamento em Tancos, que tem aprovação garantida com os votos da bancada democrata-cristã, do PS e do PSD e a abstenção do PCP. BE e PEV já disseram que não vão inviabilizar o inquérito.

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