A empresa que gere a navegação aérea (NAV) alertou meia hora após a perda de contacto com o helicóptero do INEM, entidades como a Proteção Civil e a Força Aérea para a falha de comunicação com o aparelho. Segundo a NAV, à 19h40 foi avisada a Força Aérea Portuguesa, “que é quem ativa a busca e salvamento”, 20 minutos depois de terem sido contactados os CDOS do Porto, Braga e Vila Real, que “não atenderam”.

Numa nota enviada à Lusa, em que afirma ter adotado “com diligência e celeridade todos os procedimentos estabelecidos para este tipo de situações”, a NAV Portugal transcreve, ao minuto, a sequência de acontecimentos após a falta de comunicação com o helicóptero HSU203, acidentado junto a Valongo no sábado e que resultou na morte de quatro pessoas.

Quem são as quatro vítimas da queda do helicóptero do INEM?

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Segundo a NAV, a tripulação contactou com a Torre de Controlo do Porto às 18h30, para informar que iria descolar para Macedo de Cavaleiros via Baltar dentro de 5/6 minutos, informando ainda que se não conseguisse aterrar em Baltar, poderia prosseguir para o Porto. Segundo o INEM avançou no sábado, a aeronave estava desaparecida desde as 18h30.

A tripulação contactou, pela primeira vez, a Torre de Controlo do Porto, já em voo, às 18h37, e foi contactada às 18h39 pela Torre de Controlo, que pretendia saber qual a altitude que pretendia manter, tendo a tripulação informado que iria manter 1.500 pés. A primeira perda de sinal radar com o helicóptero deu-se às 18h55, afirmou a NAV, salientando ainda que a perda de comunicações “é normal”, devido “à altitude e orografia do terreno”. A hora expectável de aterragem, tendo em conta a hora de descolagem do aparelho, era às 19h00, destacou ainda a NAV.

Heli do INEM. Passaram duas horas entre o primeiro alerta e a operação de socorro. Porquê?

A empresa destacou que às 19h20, “de acordo com o protocolo de atuação, que determina que 30 minutos após o último contacto expectável se iniciem tentativas de contacto com a aeronave”, a Torre de Controlo do Porto contactou telefonicamente várias entidades, entre as quais os bombeiros de Valongo e a PSP de Valongo. À mesma hora, foi tentado o contacto ainda com os Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, Braga e Vila Real “que não atenderam”.

Só após contactar o CDOS de Coimbra, que reencaminhou a chamada para o Porto, é que se conseguiu contactar o CDOS do Porto”, vincou a NAV.

Foram também contactados o Aeródromo de Baltar, os telemóveis da tripulação, o Aeródromo de destino, em Macedo de Cavaleiros, o Heliporto de Massarelos, “para saber se tinham optado por regressar, tendo aqui sido contactada a PSP para ir verificar ao local, uma vez que o heliporto não tem operações permanentes”, acrescentou a empresa. Na sua comunicação, a NAV apresenta também as “sentidas condolências aos familiares e amigos das vítimas do trágico acidente”.

Proteção Civil desconhece “atraso de comunicações”

O comandante distrital do Porto da Proteção Civil, Carlos Alves, disse este domingo desconhecer “qualquer atraso nas comunicações” entre bombeiros e aquela entidade no caso do helicóptero que caiu no sábado em Valongo, causando a morte dos quatro ocupantes.

Não temos indicação de qualquer atraso da comunicação entre os bombeiros e a Proteção Civil. Toda a operação foi iniciada após comunicação da entidade local da Proteção Civil, neste caso o Comando Distrital de Operações de Socorro [CDOS] do Porto, para as corporações de bombeiros locais”, afirmou Carlos Alves, em declarações aos jornalistas no local onde decorrem as operações de socorro, no concelho de Valongo, distrito do Porto.

“Tanto quanto sei, os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local”, acrescentou o comandante, que afirmou desconhecer “qual a primeira entidade a receber o alerta” sobre a queda do helicóptero e garantindo que o aviso chegou à Proteção Civil “às 20h15”, cerca de duas horas após o último contacto da aeronave com a torre de controlo.

Secretário de Estado afirma que socorro após queda de helicóptero cumpriu a lei

A operação de socorro ao acidente com um helicóptero do INEM em que morreram quatro pessoas em Valongo, no sábado, cumpriu todos os normativos legais, assegurou este domingo o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves.

“Se foi assim que aconteceu, a operação de proteção civil decorreu de acordo com os normativos legais, reportando todos agentes” à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) “nas condições que a lei prevê”, declarou José Artur Neves aos jornalistas, em Ansião, distrito de Leiria.

À margem da sua participação na inauguração das obras de ampliação do quartel dos Bombeiros Voluntários de Ansião e das comemorações do 61º. aniversário da instituição, o governante frisou que “todos os agentes de proteção civil foram para o terreno acionados” pela ANPC, enquanto “comando operacional público” da responsabilidade do Estado.

É o conhecimento que temos. Naturalmente que as averiguações que agora estão a decorrer esclarecerão estes aspetos”, aos quais “só os relatórios pormenorizados poderão” dar resposta definitiva, acrescentou.

O secretário de Estado José Artur Neves sublinhou que “todos os agentes de proteção civil foram para o terreno acionados pela autoridade nacional”.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, determinou à Proteção Civil a abertura de um “inquérito técnico urgente” ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas relativamente ao acidente com o helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), numa zona montanhosa do concelho de Valongo, distrito do Porto.

Numa nota divulgada, Eduardo Cabrita anunciou ter determinado à ANPC “a abertura de um inquérito técnico urgente ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas em relação ao acidente que envolveu o helicóptero do INEM e que vitimou quatro pessoas”.