A procuradoria da Catânia, o porto siciliano onde o navio humanitário Sea Watch 3 está bloqueado, considerou este sábado que a ONG não cometeu qualquer crime ao resgatar 47 migrantes ao largo da costa líbia e desembarcá-los em Itália.

Um inquérito realizado pela polícia e pelos guarda-costeiros italianos “não permitiu estabelecer elementos de responsabilidade penal no comportamento dos responsáveis do Sea Watch 3”, afirmou num comunicado o procurador da Catânia, Carmelo Zuccaro.

O magistrado analisou o comportamento da tripulação do navio desde o salvamento dos 47 migrantes, em 19 de janeiro, até ao desembarque na quinta-feira na Catânia e classificou como “justificadas” cada uma das suas decisões.

No entanto, a procuradoria abriu um inquérito contra desconhecidos por ajuda à imigração clandestina, que visa as redes de traficantes de seres humanos, como acontece a cada chegada de migrantes. O ministro do Interior e líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, tinha assegurado na semana passada dispor de “elementos concretos” provando que a tripulação tinha desobedecido às regras.

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“Estamos todos absolutamente convencidos de que não fizemos nada de errado, que seguimos a lei à letra”, disse na quinta-feira Kim Heaton-Heather, chefe de missão a bordo do Sea Watch 3.

Na quarta-feira, o chefe do Governo italiano, Giuseppe Conte, anunciou um acordo com outros seis países europeus — Portugal, França, Alemanha, Malta, Luxemburgo e Roménia — para acolher os 47 migrantes.

O navio da Sea Watch permanece, no entanto, bloqueado na Catânia, não por razões judiciais, mas por razões técnicas. Segundo os guarda-costeiros a razão do bloqueio são “uma série de irregularidades relativas à segurança da navegação e (…) proteção do ambiente”.

Na sexta-feira, a organização não-governamental alemã responsável pelo navio lamentou o seu bloqueio. “Durante este tempo não há mais navios civis no Mediterrâneo para ajudar migrantes”, lamentaram os integrantes do Sea Watch na rede social Twitter.