No verão de 2009, quando foi o único a dar as garantias financeiras necessárias para ser presidente do Real Madrid, Florentino Pérez começou uma nova era galáctica. O objetivo era repetir em quase tudo aquilo que tinha feito no primeiro mandato, entre 2000 e 2006, e voltar a fazer do futebol merengue a casa de alguns dos melhores jogadores do mundo. Durante a primeira passagem de Florentino pela tribuna presidencial do Santiago Bernabéu, Beckham, Figo, Ronaldo e Zidane foram os nomes de proa de uma geração que ficará para sempre no imaginário dos adeptos blancos mas também na memória de todos os adeptos de futebol. Em 2009, quando voltou ao papel de liderança do Real Madrid, atribuiu a Kaká, Cristiano Ronaldo e Benzema a responsabilidade de serem os nomes maiores de um novo período galáctico.
As quatro Ligas dos Campeões que os merengues conquistaram nos últimos cinco anos atestaram, sem sombra de dúvidas, o investimento colossal que o Real Madrid fez nas janelas de transferências que se seguiram à do verão de 2009: o clube voltou a criar uma dinastia, com Cristiano Ronaldo enquanto líder de uma equipa que se foi renovando mas nunca transformando. Nas últimas três temporadas, Zidane formou um plantel à sua imagem e semelhança e assumiu o ADN europeu do Real enquanto objetivo principal e fulcral de todas as épocas desportivas. Com a saída inesperada do treinador francês, no final de maio do ano passado, e a ida de Ronaldo para a Juventus mês e meio depois, o clube perdeu a identidade que tinha aprimorado ao longo de três temporadas.
O falhanço em toda a linha na presente temporada — em março, o Real Madrid está fora de todas as frentes, internas e europeias –, levou Florentino Pérez a recuar no tempo e recordar o verão de 2009. É hora de construir uma nova era galáctica e, para isso mesmo, o presidente merengue começou por recuperar parte da identidade perdida no final da época passada. Zidane voltou e com ele voltaram os sonhos palpáveis de regressar às conquistas europeias já no próximo ano. E para isso é necessário rever orçamentos, soltar os milhões e apontar às contratações galácticas: segundo a imprensa espanhola, Florentino convenceu o treinador francês com 500 milhões de euros para reforços, 400 dos quais já garantidos, os outros 100 fruto de uma eventual ida de Gareth Bale para um clube da Premier League.
Com a quimera da contratação de Neymar sempre presente, a eventual chegada de um outro avançado do PSG foi abordada logo na conferência de imprensa de apresentação de Zidane. Os jornalistas questionaram Florentino Pérez sobre o interesse do Real Madrid em Kylian Mbappé e o presidente não só não escondeu a intenção de contratar o jogador francês como deixou, logo à partida, uma pista sobre o principal trunfo dos merengues nas negociações com o PSG. “São franceses. Talvez ele possa fazer qualquer coisa”, atirou Florentino. Duas semanas depois de Zizou voltar ao comando técnico do Real Madrid — e já depois da primeira vitória após o regresso do técnico francês, contra o Celta de Vigo –, a France Football garante que Zidane não só pode fazer alguma coisa como está a tentar fazer alguma coisa.
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— Ballon d'Or (@ballondor) March 25, 2019
De acordo com a edição desta segunda-feira da publicação francesa, o Real Madrid já colocou em marcha os primeiros contactos para finalizar a contratação de Mbappé no mercado de verão. A “Operação Mbappé”, como lhe chama a revista, inclui uma oferta de 280 milhões de euros por parte dos merengues e Zidane enquanto principal intermediário. O nome, o prestígio enquanto jogador e treinador e o facto de ser um ídolo para todos os jovens franceses nascidos no final do milénio passado será uma espécie de íman para atrair o avançado do PSG que no verão de 2017 optou pelo clube de Paris e recusou o Real Madrid quando chegou a hora de deixar o Mónaco.
Mbappé, que leva 26 golos em 23 jogos pelo PSG na atual temporada, é o primeiro nome de uma lista de objetivos merengues que inclui ainda Paul Pogba — situação onde Zidane será novamente fulcral — e Eden Hazard, o eterno prometido. A pouco mais de dois meses do final da temporada, o Real Madrid já começou a arrumar a casa, a fazer contas à vida e a colocar prioridades para o próximo mercado de verão. E no Santiago Bernabéu, como já se sabe, dificilmente os meios financeiros serão um impedimento para alcançar os fins.