A defesa de Joaquín “El Chapo” Guzmán pediu esta terça-feira ao tribunal federal de Brooklyn, em Nova Iorque, a realização de um novo julgamento do narcotraficante, uma vez que considera ter existido uma conduta imprópria do júri ao ler notícias sobre o caso durante o julgamento.
“El Chapo”, o traficante de droga mais poderoso do mundo desde a morte de Pablo Escobar em 1993, foi acusado de ter traficado para os Estados Unidos cerca de 200 toneladas de cocaína e outras drogas ao longo de três décadas. Segundo os advogados de Guzmán, alguns membros do júri ignoraram várias vezes as instruções dadas pelo juiz para “evitarem a tempestade da cobertura dos media” antes da sua condenação.
Estas acusações surgem depois de a Vice News ter revelado que alguns membros do júri leram notícias sobre o caso de “El Chapo” e pesquisaram informações no Twitter. Esta informação foi dada por um dos jurados (sob anonimato). Os advogados consideram que, desta forma, o julgamento não foi justo, uma vez que foi influenciado por aspetos externos ao processo e não apenas pelas provas e pelos testemunhos apresentados em tribunal.
“Se se mede um sistema de justiça pela forma como ele trata o mais odiado e o mais impopular, então a nossa pode ter falhado perante Joaquin Guzmán, negando-lhe um julgamento justo perante um júri isento, tal como está instituído na Constituição”, referem os advogados na petição entregue em tribunal, acrescentando que alguns membros do júri “procuraram e discutiram abertamente” alegações que foram excluídas das acusações a Guzmán, como é o caso da suspeita de abusos sexuais de menores.
O mexicano “El Chapo” foi considerado culpado pelos 10 crimes de tráfico de droga, posse de armas e lavagem de dinheiro de que estava acusado a 12 de fevereiro, depois de mais de três meses e de 50 testemunhas ouvidas em tribunal. Caso seja condenado, enfrenta a possibilidade de prisão perpétua.