A Austrália declarou, esta sexta-feira, que se oporá à pena de morte para Julian Assange caso o australiano, fundador do WikiLeaks, venha a ser extraditado para os Estados Unidos, escreveu a agência de notícias AP.

A ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Marise Payne, disse que a Austrália é contra a pena de morte.

Marise Payne declarou ainda que o Reino Unido procurou obter garantias junto dos Estados Unidos de que Assange não seria exposto à pena de morte no caso de vir a ser extraditado.

“O processo de extradição em si é uma questão entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas também recebemos essa informação do Reino Unido”, disse Payne aos jornalistas, referindo que a Austrália “é completamente contra a pena de morte”.

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“Essa é uma posição bipartidária e que defendemos continuamente”, declarou a ministra.

Marise Payne disse ainda que funcionários diplomáticos irão visitar o fundador do WikiLeaks no lugar onde está detido atualmente, em Londres.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse, por seu turno, que qualquer plano de extradição “não tem nada a ver com a Austrália” e que Assange receberia apenas a assistência padrão dos funcionários consulares da Austrália no Reino Unido.

Segundo Morrison, o australiano de 47 anos terá de enfrentar as consequências de qualquer violação da lei em jurisdições estrangeiras.

Sinais de apoio a Assange surgiram hoje na Austrália, onde cerca de 30 pessoas marcharam no centro de Sydney depois de se reunirem do lado de fora do consulado britânico e pedirem a libertação de uma figura que consideram um cruzado pela verdade e liberdade de expressão.

Segurando cartazes com mensagens incluindo “Assange Livre – Nenhuma extradição para os EUA”, gritavam: “Libertem a verdade; Assange Livre; não atirem no mensageiro”. Outro pequeno protesto em apoio a Assange ocorreu hoje em Melbourne.

O sindicato de jornalistas da Austrália, a Media Entertainment and Arts Alliance, também apoiou os apelos para a libertação de Assange.

O presidente do sindicato, Marcus Strom, disse que Assange estava a ser perseguido por “atos de jornalismo”.

Strom declarou que o WikiLeaks recebeu em 2011 a mais alta honraria do jornalismo australiano, o Walkley Award, e que o caso de Assange era uma questão de liberdade de imprensa.

“Julian Assange está a ser perseguido por atos de jornalismo divulgados pelo WikiLeaks (…), revelando informações que eram claramente de interesse público, envolvendo atrocidades e possíveis crimes de guerra cometidos no Iraque e no Afeganistão”, disse Strom à Australian Broadcasting Corp.

Strom lembrou que esses documentos foram publicados em jornais como o New York Times, o britânico The Guardian, e na Austrália, no Sydney Morning Herald e no Melbourne Age.

“Então, por esses motivos, torna-se uma questão de liberdade de imprensa”, disse, referindo que “não é uma questão pessoal sobre Julian Assange”.

Também hoje, a mãe de Assange, Christine Assange, colocou uma mensagem no Twitter a pedir que a polícia, a prisão e o tribunal fossem gentis com o seu filho.

O fundador do portal WikiLeaks foi detido na quinta-feira em Londres com base em duas acusações: uma por quebra das medidas de coação que levou a um mandado de detenção em 2012 por um tribunal londrino e a segunda na sequência de um pedido de extradição dos Estados Unidos, que o acusam de “pirataria informática” e conspiração.

Julian Assange, nascido há 47 anos na Austrália, foi detido na quinta-feira no interior da embaixada do Equador na capital britânica – onde se encontrava há cerca de sete anos -, depois de Quito lhe ter retirado o direito de asilo.

Um juiz britânico ouviu Assange e considerou o fundador do WiliLeaks culpado por ter violado os termos da sua liberdade condicional, uma acusação que pode resultar numa pena de até 12 meses de prisão no Reino Unido.

As acusações norte-americanas relativas à publicação de dezenas de milhares de documentos governamentais secretos poderão levar a uma batalha judicial para tentar extraditá-lo para os Estados Unidos.