Paddy Cosgrave vai reunir esta segunda-feira em Lisboa com representantes do “maior construtor e operador de conferências e eventos de exibição do mundo”. A reunião será para abordar a possibilidade “exploratória” de trazer mais eventos globais para Lisboa, como explicou fonte da Web Summit ao Observador, desde que façam “100% de sentido económico” para a cidade, assegura. Os planos para esta segunda-feira passam pela visita a espaços ao ar livre.

No Twitter, o fundador da conferência que vai ficar durante 10 anos em Lisboa, pede para as pessoas imaginarem que Lisboa tem “um centro de conferências inteiramente novo” que se situará “numa nova e bonita localização”. “Acho que há uma enorme oportunidade em aberto, fora da Web Summit, para Lisboa ser a cidade anfitriã de muitos mais eventos globais. É a cidade perfeita”, escreveu Paddy.

No ano passado, o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa assinaram um acordo com Paddy Cosgrave para que a Web Summit se realize em Lisboa nos próximos 10 anos. A contrapartida exige um investimento público de 11 milhões de euros por ano (110 milhões no total): 8 milhões serão assegurados pelo Turismo de Portugal e pelo IAPMEI. Os restantes 3 milhões serão provenientes do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, alimentado pelas receitas geradas com a taxa turística.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além do investimento em dinheiro, o acordo entre a Web Summit e os organismos públicos pressupõe obras de expansão na FIL, onde atualmente se realiza a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia da Europa. O objetivo de Paddy Cosgrave é o de duplicar a capacidade expositiva das startups que todos os anos participam na Web Summit. Na edição do ano passado, passaram pelo Parque das Nações 69.304 pessoas, oriundas de 159 países, estiveram mais de 1.800 startups representadas e as conferências contaram com cerca de 1.200 oradores.

Segundo o Expresso, a ampliação das instalações no Parque das Nações vai custar 150 milhões de euros e permite triplicar a capacidade da atual FIL — atualmente, o centro conta com quatro pavilhões numa área de 41 mil metros quadrados. O objetivo da Fundação AIP, proprietária do espaço, é o de arrancar com as obras do novo centro de congressos já este ano e aumentar progressivamente a área até atingir 110 mil metros quadrados, para que possa organizar 38 a 40 grandes congressos por ano.

A expansão da FIL terá duas fases e, na segunda, será construído um novo edifício, que terá um auditório com capacidade para 5 mil pessoas, dois pavilhões e instalações subterrâneas de suporte à realização de eventos. Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, disse ao Expresso que, para a próxima edição da Web Summit, em novembro de 2019, a FIL já ia ter “alguma oferta acrescida” relativamente à que tem atualmente.

“O nosso projeto tem a Web Summit como trigger, mas o objetivo é atrair a Lisboa dezenas de eventos durante o ano com dimensão equivalente”, afirmou.

A reunião de Paddy Cosgrave com aquele que será o “maior construtor e operador de conferências e eventos de exibição do mundo” não está relacionada com o projeto atual da FIL, visto que o fundador da Web Summit fala numa “nova e bonita localização” que possa receber eventos de escala mundial. Na primeira publicação que fez no Twitter, Paddy faz referência a dois centros de congressos: o de Bilbao, em Espanha, que é seis vezes maior do que a FIL e o de Milão, em Itália, que é 10 vezes maior.

Ao Observador, o presidente da Fundação AIP, Jorge Rocha Matos, disse que “vê com bons olhos o investimento estrangeiro em Portugal e concorda que há espaço para a cidade de Lisboa receber mais e maiores congressos, nacionais e internacionais, os quais dinamizam a economia do país e são fator de promoção internacional. Daí termos desenvolvido o nosso projeto de ampliação da FIL, o qual dará resposta não apenas ao Web Summit, mas também aos mais de 40 eventos que desenvolvemos anualmente e, acima de tudo, a novas feiras, congressos e outros eventos de relevo internacional que estamos e queremos continuar a desenvolver.”

O acordo que Paddy Cosgrave fez com a Câmara Municipal de Lisboa está, contudo, envolto em secretismo. Tal como avançou o Público na semana passada, o acordo não vai ser distribuído, os vereadores podem ler o documento mas terão de o fazer presencialmente, pois não podem fotocopiá-lo nem tirar-lhe fotografias. A votação do acordo na Assembleia Municipal deveria ter acontecido na quinta-feira, mas Fernando Medina adiou a votação para que os vereadores tivessem tempo suficiente para o analisar.

De acordo com aquele diário, o secretismo terá a ver com cláusulas de confidencialidade inseridas no documento a pedido da Web Summit. O Governo também ainda não divulgou o contrato que fez com a empresa irlandesa, indicando que estava “pendente de algumas formalidades ainda não concluídas”. Ao Observador, fonte oficial diz que “não comenta os detalhes do contrato assinado entre a Web Summit, o Governo português e a Câmara Municipal de Lisboa, mas que confirma que Paddy Cosgrave tem estado a visitar vários espaços ao ar livre em Lisboa.