Na semana passada, de forma oportuna, o jornal inglês The Guardian decidiu entrevistar Luis Suárez. Num exercício fácil de memória, o avançado uruguaio representou o Liverpool de 2011 a 2014, ano em que deixou Inglaterra para rumar a Barcelona. Ora, Liverpool e Barcelona encontravam-se esta quarta-feira em Camp Nou, em jogo a contar para as meias-finais da Liga dos Campeões, e Suárez era o elemento de união perfeito entre as duas equipas. Na entrevista, além de falar sobre o entendimento acima da média com Messi, sobre os conselhos que dá a Coutinho e sobre os filhos que querem regressar a Liverpool para ver o jogo da segunda mão, o uruguaio comentou a qualidade dos reds.
“Os três da frente são muito rápidos, tecnicamente dotados, têm tanto talento. São jogadores que fazem a diferença e os resultados do Liverpool dependem deles. São o tipo de jogador com quem se adora jogar, têm o nível que se espera num clube como o Liverpool, construído para ganhar a Premier League e a Liga dos Campeões. Também sabem abordar os jogos. Talvez nós não o conseguíssemos fazer”, disse Suárez, recordando a equipa do Liverpool que guiou até ao segundo lugar da Liga inglesa em 2013/14, acabando a temporada a chorar no relvado do Crystal Palace depois de perder o título para o Manchester City. Foi depois desse desaire, por achar que não voltaria a ter uma oportunidade como aquela, que o avançado decidiu rumar a Barcelona.
Of course our FINAL @ChampionsLeague match this season at Camp Nou has produced our BIGGEST crowd of the season across ALL competitions!
9️⃣8️⃣,2️⃣9️⃣9️⃣ in the ????!
???? Thanks to everyone who came out to support the team!
???????? #BarçaLFC pic.twitter.com/zpfYOXMyEO— FC Barcelona (@FCBarcelona) May 1, 2019
Desde que chegou à Catalunha, Suárez já ganhou uma Liga dos Campeões, quatro Ligas espanholas, um Mundial de Clubes e quatro Taças do Rei. Esta quarta-feira, para receber a antiga equipa, o avançado uruguaio era titular no Barcelona, acompanhado por Messi e Coutinho nas posições mais adiantadas. Nélson Semedo era suplente, já que Sergi Roberto jogava de início, assim como Arthur, que costuma ser titular na Champions mas cedia o lugar a Rakitic. Do outro lado, Roberto Firmino era suplente — o brasileiro falhou o último jogo da Premier League devido a uma lesão da virilha –, Joe Gomez era titular na direita da defesa, em detrimento de Alexander-Arnold, e o capitão Henderson também saía do onze, entrando Wijnaldum.
O Barcelona entrou no jogo mais forte, mais móvel e com mais vontade de chegar à área de Alisson. Numa estratégia que não parecia propositada, o Liverpool parecia ceder a iniciativa aos catalães e teve de ser Matip a evitar o passe decisivo de Rakitic para Vidal (4′) — mas esta lógica só durou durante os instantes iniciais do encontro. A partir dos dez minutos de jogo, os reds conseguiram parar a toada ofensiva do Barcelona e causar problemas à segunda fase de construção dos espanhóis, à entrada da grande área inglesa, onde a defesa da equipa de Jürgen Klopp estava bem posicionada e a ocupar as linhas de passe que são normalmente descobertas por Messi e companhia. O Liverpool implementava então um jogo mais partido e menos organizado que o favorecia, principalmente quando Salah ou Mané eram lançados em velocidade.
Tudo mudou, porém, ao minuto 26. Naby Keita, o assertivo médio guineense que o Liverpool contratou no início da temporada ao RB Leipzig, lesionou-se e teve de ser substituído. Entrou o capitão Henderson, que obrigou à ida de James Milner para o lado esquerdo do meio-campo. À saída de Keita, que estava a ser o pêndulo e o equilíbrio do Liverpool, assegurando as transições entre o setor mais recuado e o ataque, somou-se a ida de Milner do corredor direito, retirando músculo, força e poder de desaire à ala por onde estavam a subir Jordi Alba, Coutinho e Suárez. Foi precisamente por aí que o Barcelona acabou por chegar ao golo (26′): Arturo Vidal abriu em Coutinho na esquerda, Alba apareceu e o lateral espanhol assinou (mais) uma enorme assistência que se aliou a um movimento para lá de inteligente de Suárez, que fugiu à desmarcação e tocou para inaugurar o marcador e fazer o 25.º golo da temporada, a estreia a marcar nesta edição da Liga dos Campeões e ainda o golo 500 do Barcelona na história da principal competição europeia.
O Barcelona marcou o golo 5⃣0⃣0⃣ na Champions (formato atual): é apenas a 2.ª equipa a atingir este registo, depois do Real Madrid
+ golos na Champions:
551 Real Madrid????
500 BARCELONA↗
457 Bayern
373 Man. United
292 Juventus pic.twitter.com/FtswdPbcyi— Playmaker (@playmaker_PT) May 1, 2019
.@ChampionsLeague | @FCBarcelona 1-0 @LFC | 26'
Golo! Jogada a régua e esquadro que acaba nos pés de Suárez. O uruguaio marca à antiga equipa! #ChampionsEleven #ForTheFans pic.twitter.com/7Vw12ClHRY
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A partir do golo, o Liverpool entrou numa fase de aparente desnorteio e o Barcelona ganhou confiança. Sadio Mané ainda teve tudo para empatar, ao surgir entre Piqué e Lenglet depois de um grande passe de Robertson, mas atirou muito por cima da baliza de Ter Stegen (35′). Os catalães terminaram a primeira parte completamente por cima do jogo, com margem de erro suficiente para entregar a iniciativa ao Liverpool e jogar tranquilamente sem gastar demasiada energia na pressão alta.
A equipa inglesa voltou para a segunda parte totalmente diferente, dominando o Barcelona durante o primeiro quarto de hora do segundo tempo. O Liverpool anulou a investida ofensiva dos catalães — muito por intermédio de Fabinho, que ia conseguindo asfixiar a criatividade de Messi –, cortou as linhas de passe e apagou as soluções do Barcelona para escapar à pressão, colocando em prática o futebol rápido e de alta intensidade a que nos habituou desde que Klopp chegou a Inglaterra. Os reds poderiam ter empatado mais do que uma vez, primeiro por James Milner (47′), depois por Salah (53′) e novamente por Milner (60′), mas Ter Stegen evitou o golo nas três ocasiões e tornou-se rapidamente o guardião da vantagem blaugrana.
.@ChampionsLeague | @FCBarcelona x @LFC
Mas que jogo este que estamos a assistir! #ChampionsEleven #ForTheFans pic.twitter.com/wcaozlVTK0
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⚠Aos 60 minutos, o Liverpool tem mais remates enquadrados com a baliza do que o Barcelona (3-2) – todos na 2.ª parte pic.twitter.com/6sXRLtvwdO
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A falta de eficácia do Liverpool, que não apareceu com o FC Porto mas em Camp Nou foi mais do que visível, ia sendo ofuscada pela ausência de bola do Barcelona, que tinha cada vez mais dificuldades na construção e onde acabou por entrar Nélson Semedo para a saída de Coutinho, numa alteração que mostrava os receios de Ernesto Valverde face à superioridade dos ingleses. Mas foi nessa altura que a falta de eficácia do Liverpool deu lugar à eficácia muito acima da média do Barcelona.
Na primeira real jogada de perigo que criou durante a segunda parte, o Barça chegou ao segundo golo entre a magia de Messi, o oportunismo de Suárez e a estrelinha que esta noite brilhava a favor da equipa de Valverde. O argentino desequilibrou pela primeira vez desde que tinha voltado do intervalo, desmarcou Sergi Roberto na grande área e um corte levou a bola para Suárez, que rematou à barra e deixou à mercê de Messi, que só teve de conduzir para dentro da baliza de Alisson (75′). Tal como tinha acontecido com o primeiro, o Barcelona aproveitou o golo para conquistar a motivação e o ascendente que tinha faltado desde que tinha voltado do balneário, e chegou ao terceiro e provavelmente decisivo golo apenas sete minutos depois (82′): na cobrança de um livre em posição frontal, Messi atirou direto à baliza de Alisson, beneficiou de um desvio na barreira e fez o segundo da conta pessoal no jogo, o 12.º na presente edição da Liga dos Campeões e o número 600 ao serviço do Barcelona.
.@ChampionsLeague | @FCBarcelona 2-0 @LFC | 75'
Golo contra a corrente do jogo! Jogada construída por Messi e que só podia acabar com golo do mesmo. Ovação da nação Blaugrana. #ChampionsEleven #ForTheFans pic.twitter.com/U5m9f7x8Lz
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.@ChampionsLeague | @FCBarcelona 3-0 @LFC | 82'
MAS QUE GOLO DE MESSI! UM HINO AO FUTEBOL! O argentino faz o golo 600 em 583 jogos ???????????? #ChampionsEleven #ForTheFans pic.twitter.com/wGjcOOROcZ
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Luis Suárez encontrou a equipa que deixou em 2014 — mas este Liverpool está muito longe de ser aquele que era treinado por Brendan Rodgers. À cabeça, só restam Henderson, Mignolet e Sturridge (e destes, nenhum foi titular em Camp Nou). Depois, quem está no banco de suplentes é agora Jürgen Klopp, treinador alemão que encaixa em toda a linha com o perfil de treinador celebridade a que o Liverpool se habituou no século XX. Por fim, o Liverpool tem agora as oportunidades que levaram Suárez a fazer as malas rumo a Espanha há cinco anos. Mas esta noite, foi o próprio Suárez que pode ter acabado com as hipóteses do Liverpool de tornar a oportunidade numa conquista.
THERE'S THE WHISTLE!
WHAT A NIGHT!#WeColorFootball! pic.twitter.com/J8aMZF7JBh— FC Barcelona (@FCBarcelona) May 1, 2019