Em função das transmissões televisivas e dos cruzamentos de jogos com equipas que ainda tinham objetivos em aberto, a última jornada da Serie A começou com a campeã Juventus em jogo. Também por aqui, não houve muito mais para dizer: no derradeiro encontro de Massimiliano Allegri no comando da Vecchia Signora, a despedida, com muitas ausências à mistura – incluindo as de Cristiano Ronaldo e João Cancelo, poupados para a Final Four da Liga das Nações – e a titularidade para Matheus Pereira (jovem brasileiro contratado em 2016 aos juniores do Corinthians), dificilmente poderia ser mais tristonha, com nova derrota frente à Sampdória por 2-0 com o 38.º onze inicial diferente no Campeonato. “Sinto-me bem porque acabámos cinco épocas extraordinárias. A partir de amanhã, começa uma nova era. Treinador? Não será amanhã”, comentou.
Dos bianconeri, tudo dito com uma invulgar curiosidade que só em tempo de balanços se pensa: em 190 jogos realizados para o Campeonato na Juventus, Allegri mudou 185 vezes de onze. Não foi por isso que deixou de fazer o pleno de triunfos na prova mas esse registo mostra também a razão pela qual vai abandonar Turim – por mais que promovesse uma rotatividade tendo em vista os compromissos internacionais, o máximo que a equipa conseguiu foi chegar duas vezes à final da Liga dos Campeões, perdendo com Barcelona (2015) e Real Madrid (2017). Mas mais do que Allegri, é de outro técnico que se fala: Gian Piero Gasperini.
Unbeaten in the league in three months
First top-three finish in 58 years
First Champions League qualification in the club's 111-year historyGian Piero Gasperini’s Atalanta = history makers. pic.twitter.com/fjUGcDLrDm
— bet365 (@bet365) May 26, 2019
Se existe uma história de sonho este ano nas principais ligas europeias é a da Atalanta: numa época onde começou quase sem pré-temporada em qualificações para uma Liga Europa que não conseguiria atingir, o conjunto de Bérgamo conseguiu chegar à final da Taça de Itália (derrota com a Lazio em Roma) e confirmou este domingo o terceiro lugar no Campeonato com um triunfo por 3-1 na receção ao Sassuolo, além de garantir ainda o “título” de melhor ataque da Serie A com 77 golos em 38 partidas. Pela primeira vez em 58 anos, a Atalanta acabou no pódio do Campeonato; pela primeira vez em 111 anos de história do clube, vai participar na Liga dos Campeões. Papu Gómez, Ilicic e sobretudo Duvan Zapata fizeram uma temporada fantástica mas é sobre Gasperini que tem recaído o principal mérito de uma campanha que prova também como uma ideia de jogo bem definida e que nunca se desvie dos seus princípios ofensivos ainda tem espaço para vingar no futebol atual.
Atalanta have qualified for the UEFA Champions League for the first time in the club's history.
An incredible achievement. ???? pic.twitter.com/laxaPog55X
— Squawka (@Squawka) May 26, 2019
Neste contexto, todas as atenções começaram a centrar-se em Milão, com os rivais Inter e AC Milan a discutirem a última vaga de acesso à fase de grupos da Champions, sendo que quem ficasse atrás passava de forma direta para a Liga Europa. E os nerazzurri, jogando em San Siro frente a um Empoli em risco de descida à Serie B, brincou com o fogo mas fugiu à guerra.
Serie A table:
AC Milan and Atalanta in 3rd and 4th spot.
60 seconds later…
AC Milan and Inter in 3rd and 4th spot.
60 seconds later…
Inter and Atalanta in 3rd and 4th spot.
???????????? pic.twitter.com/xA004vRXTu
— bet365 (@bet365) May 26, 2019
Com o Inter a ter um ponto de vantagem e a depender apenas de si, os adeptos radicais da claque Curva Nord deixaram uma mensagem forte para o grupo de trabalho durante a semana. “Não há desculpas, apenas tom**** este domingo. Vamos apoiar-vos durante os 90 minutos e nos descontos como se estivéssemos em Madrid mas no final do jogo será festa ou guerra”, escreveram nas suas redes sociais, recordando a cidade onde a equipa ganhou a última Liga dos Campeões com Mourinho, em 2010. No entanto, e em termos virtuais, houve momentos da noite em que a equipa esteve fora, nomeadamente com a vantagem do AC Milan diante da SPAL até aos 53 minutos e, mais tarde, com o conjunto de Gattuso a ganhar pelo 3-2 final.
Depois de uma primeira parte sem golos, Keita Baldé, avançado emprestado pelo Mónaco, inaugurou finalmente o marcador (51′) entre muitas outras oportunidades desperdiçadas como um penálti de Icardi até ao empate de Traoré a cerca de 15 minutos do final. Durante um pequeno período, o Inter voltou a estar fora da Champions mas Nainggolan, aos 81′, recolocou a vantagem para o lado da equipa de Luciano Spalletti (que fez o último jogo, devendo ser substituído por Antonio Conte) antes de um epílogo de jogo de loucos em San Siro com D’Ambrosio a desviar uma bola na sua pequena área para a trave quando a igualdade parecia certa, Handanovic teve uma grande intervenção num lance onde vários defesas dos nerazzurri escorregaram na área, Dragowski evitou o 3-1 de Baldé, Brozovic marcou do meio-campo mas o VAR anulou o golo e expulsou Baldé e, ao sétimo minuto de descontos, a bola rondou a pequena área do Inter sem que ninguém do Empoli conseguisse desviar para a baliza. Quando não podia falhar, o Inter acabou por brincar com o fogo mas foi a tempo de fugir da guerra e quem ficou a arder foi o rival AC Milan.
https://twitter.com/TNC_Football/status/1132762243219824640