A greve dos trabalhadores do setor da saúde, sobretudo os assistentes operacionais, está a ter uma adesão entre os 75% e os 100%, com serviços encerrados de norte a sul do país.

Num balanço feito à agência Lusa, José Abraão, da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP), explicou que a paralisação “está a afetar os serviços de consultas e o apoio ao secretariado de norte a sul do país”.

O responsável adiantou que há serviços fechados, por exemplo, nos hospitais do barlavento e sotavento algarvio, em Aveiro, no Instituto Português de Oncologia e no Hospital de Santo António, no Porto, em Viana do Castelo e nos Covões, em Coimbra”.

“Nesta altura há serviços com uma adesão na ordem dos 75% e outros que estão fechados, estando garantido o funcionamento dos serviços mínimos”, acrescentou.

José Abraão disse também que a exigência destes trabalhadores passa “por uma aposta clara por parte deste Governo no que diz respeito aos recursos humanos”, mas também às profissões e às carreiras.

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“Passa por uma aposta clara com carreiras novas, como os técnicos auxiliares de saúde, mas também pela revisão das carreiras dos técnicos superiores de saúde. O que se sente hoje, porque se juntou ao défice antes da crise a impossibilidade de admissão durante a crise, é que cresceu a falta de trabalhadores”, afirmou.

O responsável sindical insistiu que “os trabalhadores são manifestamente insuficientes”, sublinhando que a falta de condições atrativas está a deixar desertos alguns concursos de recrutamento.

“Há concursos abertos que ficam desertos ou não conseguem fixar trabalhadores porque ganham 580 euros… um assistente técnico com 10 anos leva para casa menos do que o salário mínimo. Esta politica de baixos salários não está a atrair trabalhadores para a Administração Pública nem a dignificar estes trabalhadores”, acrescentou.

José Abraão disse ainda que o Governo já podia ter tomado algumas medidas, como “a abertura da ADSE a cerca de 19.000 trabalhadores com Contratos Individuais de Trabalho (CIT) nos hospitais”.

“Há um projeto de alargamento nas Finanças, parado. Estes trabalhadores lutam, pela dignificação das suas carreiras, pela inscrição na ADSE, por maior investimento em recursos humanos”, disse.

Para o responsável, a greve de hoje deixou claro que todas as profissões na área da saúde são importantes.

“Não são só os médicos ou os enfermeiros (…). Todas as profissões são importantes e não queremos que os assistentes operacionais e os [trabalhadores com] CIT sejam os parentes pobres da área da saúde, prejudicados pelo facto de existirem dois regimes [CIT e Contrato de Trabalho em Funções Públicas], o que já não faz sentido e é fomentador de injustiças e desigualdades”, defendeu.