O principal índice que mede a confiança dos empresários na Alemanha derrapou em agosto, sinalizando que a maior economia da zona euro irá, com grande probabilidade, contrair-se pelo segundo trimestre consecutivo — o que corresponde à definição de uma recessão técnica.

Foi “muito mau”, resume um economista do Commerzbank. O índice de clima empresarial elaborado pelo instituto Ifo derrapou em agosto para os 94,3 pontos, contra os 95,8 pontos do mês anterior.

Os analistas já estavam a antever uma queda, mas não tão expressiva: em média, os economistas previam uma descida para os 95,1 pontos. O registo corresponde ao valor mais baixo em quase sete anos.

Tanto caíram de forma preocupante as avaliações feitas sobre o momento económico atual como, também, sobre as expectativas para os próximos seis meses. “A deterioração da avaliação sobre as condições económicas aumenta o risco de que a economia alemã irá encolher pelo segundo trimestre consecutivo, neste terceiro trimestre”, lamenta Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank, em nota difundida pelos investidores esta segunda-feira. “Uma recessão técnica está a aproximar-se”, conclui o economista.

A expectativa do banco alemão é que o Produto Interno Bruto (PIB) na Alemanha, ajustado ao número de dias úteis, feche o ano a subir 0,5%. Um desempenho pouco animador que tem na sua base, entre outros fatores, a recente escalada das tensões comerciais entre os EUA e a China.

“É óbvio que os EUA, uma potência estabelecida, está a querer travar a ascensão económica, política e militar da China, recorrendo às políticas comerciais”, diz o economista. Por outro lado, a China não parece disponível para compensar esse impacto, por receios de que isso leve a um novo ciclo de crescimento exponencial e, depois, uma queda abrupta na economia. Assim, apanhada no meio está a Alemanha, cuja economia muito vocacionada para a exportação acaba por perder impulsos importantes para o crescimento.

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