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Leonel, não Richie mas Pontes, já disse "hello" -- mas ainda não teve resposta (a crónica do Boavista-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Lionel Richie cantava "Hello" e Leonel Pontes apareceu a dizer "olá" e a pedir mais do que aquilo que os jogadores do Sporting estão a oferecer. A crónica do empate dos leões no Bessa.

O treinador do Sporting estreou-se com um empate
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O treinador do Sporting estreou-se com um empate

LUSA

O treinador do Sporting estreou-se com um empate

LUSA

Em 1984, Lionel Richie lançou “Hello”, um êxito imediato que se tornou uma das músicas pelas quais o cantor norte-americano é imediatamente reconhecido. O videoclip — ou teledisco — fez com que a canção fosse ainda mais popular e é um dos vídeos musicais mais recordados dos anos 80. Ora, em “Hello”, no refrão, Lionel Richie cantava precisamente: Hello, is it me you’re looking for?, em português, “Olá, é de mim que andas à procura?”. Passaram 35 anos e em Portugal, no Sporting e em Alvalade, um outro Leonel parece dizer a mesma frase. Este, treinador português de apelido Pontes, estreava-se este domingo no comando técnico dos leões e só queria chegar ao final da partida a ouvir os adeptos dizerem que era dele que andavam à procura.

Os últimos dias do mercado de verão trouxeram ao Sporting três reforços — Jesé, Fernando e Bolasie — e levaram do Sporting três jogadores — Raphinha, Thierry e Diaby — e um treinador. Marcel Keizer saiu no dia seguinte ao derradeiro dia da janela de transferências e foi então substituído, para já a título interino, por Leonel Pontes, até aqui treinador dos Sub-23 e antigo adjunto de Paulo Bento. Num momento de instabilidade interna que não chegou a ser devidamente testado ou comentado porque as competições internas foram interrompidas, a visita do Sporting ao Boavista tornava-se ainda mais importante.

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Ficha de jogo

Boavista-Sporting, 1-1

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

Boavista: Bracali, Fabiano, Neris, Ricardo Costa, Marlon, Carraça, Rafael Costa, Ackah Yaw (Obiora, 67′), Gustavo Sauer, Stojiljkovic (Cassiano, 90+3′), Yusupha (Mateus, 56′)

Suplentes não utilizados: Helton, Bueno, Edu Machado, Heriberto Tavares

Treinador: Lito Vidigal

Sporting: Renan Ribeiro, Rosier, Luís Neto, Mathieu, Borja (Jesé, 45′), Doumbia, Wendel (Eduardo, 81′), Bruno Fernandes, Gonzalo Plata (Rafael Camacho, 88′), Marcos Acuña, Yannick Bolasie

Suplentes não utilizados: Luís Maximiano, Tiago Ilori, Rodrigo Battaglia, Miguel Luís

Treinador: Leonel Pontes

Golos: Marlon (7′), Bruno Fernandes (62′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Wendel (5′), Neris (21′), Acuña (49′), Bruno Fernandes (49′ e 90′), Luís Neto (68′), Stojiljkovic (68′), Bolasie (80′); cartão vermelho por acumulação a Bruno Fernandes (90′)

Vencer no Bessa, mais do que voltar às vitórias e enterrar a derrota sofrida em Alvalade na última jornada perante o Rio Ave, significava cimentar o primeiro tijolo daquele que terá de ser um obrigatório período de retoma por parte dos leões. Desde a integração dos reforços e das dinâmicas do novo treinador, o Sporting terá de entrar numa fase de construção de um projeto renovado e com novos líderes. E para isso, ou pelo menos para começar a fazer isso da forma correta, era preciso recomeçar a ganhar.

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Na primeira convocatória ao comando dos leões, Leonel Pontes deixou de fora Luiz Phellype e Vietto, ambos lesionados, e também não tinha Coates, que foi expulso contra o Rio Ave e estava castigado. Já no primeiro onze inicial, o treinador lançou o lateral Rosier no onze inicial — que foi contratado ao Dijon durante o verão mas ainda não tinha jogado por ter estado a recuperar de lesão –, o reforço Bolasie no ataque e ainda o jovem Gonzalo Plata, que teve poucos minutos com Marcel Keizer mas marcou ao serviço do Equador nesta pausa para as seleções. Fernando, ainda condicionado, estava de fora das opções, e Jesé começava no banco: assim como Battaglia, que estava de volta às convocatórias depois de uma paragem prolongada. Acuña era titular mas não a lateral, onde estava Borja, ocupando terrenos mais avançados, e Luís Neto substituía Coates ao lado de Mathieu.

O Sporting começou com mais bola e à procura de assentar jogo no Bessa para construir, com calma, aquela que teria de ser uma partida de aprendizagem. O período à experiência dos leões acabou por ser rapidamente interrompido pelo golo do Boavista, que chegou antes ainda de os axadrezados criarem qualquer oportunidade ou lance mais rendilhado. Na cobrança de um livre direto a descair na direita, depois de uma falta de Wendel que corrigiu um erro do meio-campo leonino, Marlon estreou-se a marcar pelo Boavista e abriu o marcador (7′). Já em desvantagem, a equipa de Leonel Pontes tinha de ir à procura do resultado quase desde o apito inicial — mas eram notórios desde logo vários problemas.

À partida, o facto de Bruno Fernandes, Wendel, Acuña, Plata e Bolasie, todos os elementos mais adiantados dos leões, gostarem de ter a bola no pé e serem pouco dados a desmarcações ou transições a rasgar a defesa adversária. Bruno recuava sempre muito para ir à procura dessa mesma bola para depois entregar a um colega de equipa e fazer a ligação entre a defesa e o ataque; Wendel ocupava todo o terreno interior entre os dois corredores; Acuña estava muito encostado à faixa esquerda e sempre à espera de um passe; Plata estava na direita e procurava espaços mais centrais apenas para receber no pé e progredir sozinho; e Bolasie, a atuar como referência na grande área, estava demasiado estático e esperava por aquilo que faziam os colegas que tinham a bola ao invés de lhes oferecer soluções. Tudo somado e o Sporting tinha um overbooking de jogadores nos últimos 30 metros do meio-campo defensivo do Boavista mas uma escassez alarmante de linhas de passe.

Do outro lado, estava uma equipa altamente motivada por estar a ganhar desde o minuto 7, por estar à frente do Sporting na classificação e por ser uma de apenas duas equipas que ainda não perderam na Primeira Liga (a par do líder Famalicão). Depois do golo, o conjunto orientado por Lito Vidigal não arriscou muito e só atacou com recurso à profundidade, sem preocupação com construir a partir de trás e a apostar nos passes longos e verticais à procura da velocidade de Yusupha ou Gustavo Sauer. Até ao intervalo, o Sporting só conseguiu criar perigo em duas ocasiões — primeiro com Bolasie, que rematou para uma boa defesa de Bracali (27′), e depois com Bruno Fernandes, que atirou rasteiro e ao lado (43′) — e foi para o intervalo a perder e a precisar de encontrar soluções para entrar na zona entre linhas dos axadrezados, que permaneciam compactos e confiantes.

No regresso para a segunda parte, Leonel Pontes estreou Jesé e tirou Borja: Acuña recuou para a posição de lateral esquerdo e o avançado espanhol ficou na esquerda do ataque, com Bolasie a permanecer na faixa central e Gonzalo Plata na ala direita. O Sporting subiu de rendimento no segundo tempo, ainda que não de forma exuberante, e estava a conseguir jogar no espaço interior que tinha sido subaproveitado no primeiro tempo — principalmente por responsabilidade de Jesé, que oferecia as tais linhas de passe que não haviam aparecido antes e era uma fonte de mobilidade muito maior do que Bolasie, Plata e Acuña tinham conseguido ser.

[Carregue nas imagens para ver algumas das melhores imagens do Boavista-Sporting:]

O Boavista não só estava a ser obrigado a recuar como acabou por deixar cair as linhas de forma progressiva, também devido à quebra de rendimento de Ackah, que na primeira parte tinha sido instrumental a asfixiar as movimentações de Bruno Fernandes. O espaço garantido ao capitão leonino espelhava-se em lances mais perigosos e mesmo sem claras oportunidades de golo a verdade é que o empate se tornava cada vez mais um cenário previsível. O Sporting conseguiu chegar ao golo também através de um livre direto, batido por Bruno Fernandes a tombar na esquerda e que desviou na barreira e traiu Bracali (62′), e intensificou a partir do empate a agressividade, a reação à perda de bola e o domínio em relação ao Boavista.

Até ao final da partida, a equipa de Lito Vidigal recuou em toda a linha para segurar o empate, Leonel Pontes lançou Rafael Camacho para procurar o golo da vitória e Bruno Fernandes ainda foi expulso, por acumulação de amarelos, desfalcando desde já o Sporting na próxima jornada, em que os leões vão receber o líder Famalicão. Na estreia do treinador que substituiu Marcel Keizer, o Sporting não conseguiu evitar o empate, não conseguiu regressar às vitórias e voltou a perder pontos e a sofrer golos. Mesmo com indicações positivas tanto de Jesé como de Bolasie e com uma segunda parte em que a equipa foi à procura do resultado, a verdade é que os leões voltaram a estar abaixo daquilo que é pedido a um candidato ao título. Leonel Pontes chegou e disse “Olá, é de mim que andas à procura?” — mas ainda não obteve resposta por parte dos jogadores.

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