O Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, vai fechar para obras na pista entre os meses de janeiro e junho a partir das 23h30 e até as 5h30, anunciou esta terça-feira, o diretor-geral da Easyjet, companhia low-cost que opera no terminal 2. José Lopes falava duranta uma conferência de imprensa para apresentar os resultados.

Já esta tarde, a ANA — Aeroportos de Portugal confirmou o encerramento da pista da Portela entre as 23h30 e as 5h30 da manhã a partir de 6 de janeiro para a realização de obras. Em causa está a criação de duas saídas rápidas de pista “no Aeroporto Humberto Delgado, com vista à melhoria da eficiência da operação, obtendo maior fluidez na circulação dos aviões, redução dos percursos e das emissões de CO2.”

Esta informação foi comunicada às companhias aéreas antecipadamente de forma a permitir o reajustamento da oferta e dos slots. Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas disse ao Observador que o Governo foi informado, mas afasta o cenário de desvio de aviões. “Terão de adaptar os seus horários de modo a poderem respeitar os períodos interditos, tal como já hoje acontece”.

O diretor-geral da Easyjet também afirma ao Observador que as companhias áreas vão ter de reajustar os seus voos, já que não conseguem aterrar nem levantar voos entre as 23h30 e as 05h30. “Ninguém falou em eliminar rotas. No horário previsto havia uma rota especifica dentro deste período. Aquilo que temos feito é ajustar. Alguns voos dessas rotas tivemos de reajustar. Há uma rota especifica que é mais afetada”. Mas no caso de atrasos nas chegadas, os voos podem mesmo ser desviados para outros aeroportos.

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Na conferência de imprensa, o responsável da Easyjet admitiu que estas obras são dores de crescimento, na medida em que objetivo destas obras é aumentar a capacidade da Portela.

A legislação em vigor do ruído já prevê restrições na realização de voos entre entre e meia noite e as seis da manhã, mas são permitidas exceções devidamente fundamentadas e autorizadas.

As obras que implicam a desativação de uma das pistas do aeroporto já estavam previstas no projeto de expansão aeroportuária negociada entre o Governo e a ANA, o qual assenta também no desenvolvimento de um aeroporto complementar no Montijo. Apesar de este investimento ter recebido luz verde ambiental condicionada da Agência Portuguesa do Ambiente, a concessionária ainda não respondeu às medidas de mitigação e compensação propostas por esta autoridade. A ANA pediu mais tempo que o previsto para se pronunciar no quadro da avaliação de impacte ambiental. O ministério tutelado por Pedro Nuno Santos separa contudo os dois processos.

“As obras em causa no aeroporto Humberto Delgado não dependem do Montijo: trata-se apenas de melhorar as saídas da pista atual para melhorar a sua eficiência. No limite, se o Montijo não fosse construído, mais necessárias seriam.”

“Trabalho há quase 30 anos na indústria e não me lembro de ver o aeroporto sem nenhuma obra”

Em conversa com o Observador, o diretor geral da Easyjet para Portugal não deu muito relevância ao tema. “É como quando a Ponto 25 de abril ou Vasco da Gama tem obras no período noturno, as pessoas ajustam-se”, explicou.

As pessoas não são afetadas porque as companhias com antecedência estão a fazer ajustes para que os passageiros não sejam afetados”, diz José Lopes.

Apesar de as obras “afetarem o aeroporto como um todo”, no final o executivo reitera que é com um bom propósito: “Melhorará a operacionalidade do aeroporto com um todo”. Além disse, “este é um tema que tem sido debatido e tem sido conversado”, pelo que os devidos ajustes estão a ser acautelados.

“Felizmente, em breve, aqui na Portela, vamos voltar a poder crescer estas obras são o primeiro para que esse crescimento volte a poder existir”, disse José Lopes, lembrando que é normal o aeroporto estar em obras.

Felizmente, quando as obras estiverem concluídas, vamos melhorar a pontualidade das operações existentes”, garante a Easyjet.

“Se houver um voo que atrase [e abranja este horário] terá que operar para outro aeroporto alternativo, como acontece em qualquer caso de obras”, explica a transportadora aérea sobre o impacto.

A Easyjet ultrapassou pela primeira vez em Portugal os sete milhões de passageiros.

Atualizado às 19.50 com respostas do Ministério das Infraestruturas e Habitação.