A ADSE, o subsistema de saúde dos trabalhadores do Estado, tem “650 mil documentos de despesa entregues no regime livre pelos beneficiários e que estão por tratar”, denuncia Eugénio Rosa, vogal da direção que foi eleito pelos representantes dos beneficiários. A informação consta de uma nota escrita pelo economista, partilhada com vários órgãos de comunicação social incluindo o Observador.

Eugénio Rosa escreve que “a ADSE enfrenta atualmente dificuldades importantes criadas pelo governo e pelos seus representantes no conselho diretivo”. “Quem as conheça e as viva diariamente muitas vezes é obrigado a pensar que elas são deliberadamente criadas para depois justificar que é necessário substituir o atual Instituto por uma mútua com o objetivo de desresponsabilizar o governo da ADSE, embora a ADSE faça parte do Estatuto laboral dos trabalhadores das Administrações Públicas”, admite.

Os problemas, acrescenta o vogal da direção, não resultam da falta de dinheiro — “em 2019, os trabalhadores e os aposentados descontaram das suas remunerações e pensões até Novembro 562 milhões de euros quando em 2018 tinha sido 546 milhões de euros e a previsão no Orçamento de 2020 é que atinja os 633 milhões de euros no próximo ano e a ADSE tem aplicados a prazo no IGCP 350 milhões de euros” — mas, sim, diz Eugénio Rosa, de “atos de gestão das representantes do governo no Conselho Diretivo onde têm a maioria, e de obstáculos e declarações do governo, como as feitas recentemente pela ministra Alexandra Leitão, que criam dificuldades e instabilidade aos beneficiários”.

Ainda assim, Eugénio Rosa defende que ” a ADSE tem atualmente 194 trabalhadores quando precisa 270, e o governo conjuntamente com os seus representantes no Conselho Diretivo da ADSE têm criado continuas dificuldades no seu preenchimento”. Isso faz com que “cerca de 650.000 documentos de despesa entregues no Regime livre da ADSE pelos beneficiários estão por tratar (e não inclui os que estão por digitalizar, onde o atraso atinge 2 semanas, devia o máximo ser uma), e os enormes atrasos nos pagamentos não diminuem”.

“É de prever que [estes atrasos]aumentem no primeiro trimestre de 2020 devido ao atraso na aprovação do OE-2020”, afirma Eugénio Rosa, lamentando: “eis a forma como se estrangula e destrói a ADSE, virando os beneficiários contra esta, para depois justificar a transformação da ADSE numa mútua”.

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