Isabel dos Santos anunciou em comunicado que vai processar o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), que divulgou o Luanda Leaks. 

No comunicado, citado agência Reuters, Isabel dos Santos diz que irá tomar “os passos necessários” e, detalha ainda a empresária angolana, será representada pela Schillings Partners — uma sociedade de advogados internacional que respondeu ao CIJI em nome do seu marido, no âmbito do Luanda Leaks.

Refuto as alegações infundadas e afirmações falsas e informo que tomei os passos necessários para avançar com uma ação judicial contra o CIJI e os seus parceiros — o que será levado a cabo pela sociedade de advogados internacional Schillings Partners”, disse em comunicado citado pela agência Reuters.

O ICIJ, que integra vários órgãos de comunicação social, analisou, ao longo de vários meses, dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018 e revelou 751 mil ficheiros que detalham os alegados esquemas financeiros da empresária angolana e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da sua fortuna.

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A empresária, acusada em Angola de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, considera que foi “alvo de uma campanha […] orquestrada por vários órgãos de comunicação social”.

“Foram usados seletivamente imagens e documentos, mal interpretados e supostamente baseados em e-mails obtidos criminalmente por via de hacking, para construir uma narrativa enganosa sobre as minhas empresas, investimentos e trabalho em geral”, afirmou.

Isabel dos Santos lamenta o que considera “ações irresponsáveis de alguns jornalistas que […] desencadearam uma tragédia humana e negligenciaram o respeito pelo direito à privacidade”. A empresária, que depois das revelações da investigação jornalística tem anunciado a intenção de alienar as suas participações em várias empresas portuguesas, garante que nenhum desses investimentos foi feito com “fundos de origem ilícita”.

“Os investimentos realizados em Portugal foram constituídos por fundos lícitos, tendo sido respeitados os procedimentos do Banco Nacional de Angola (BNA) no que se refere ao licenciamento de exportação de capitais”, disse.

As empresas com as quais opero são legítimas, pagam impostos, e nenhuma foi jamais condenada por atividade criminal”, acrescentou. Entre os investimentos, destacou a relação empresarial com a Portugal Telecom Ventures, adiantando que a parceria em Angola gerou mais de mil milhões de euros em dividendos. Isabel dos Santos considerou ainda que lei do repatriamento de capitais de Angola “não se aplica a fundos lícitos” e “devidamente licenciados pelas autoridades”, antes visa “fundos de proveniência criminal”.

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De acordo com a investigação jornalística do CIJI, da qual fazem parte em Portugal o jornal Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai, a Matter Business Solutions. Sobre esta acusação concreta, Isabel dos Santos adianta, no comunicado, que a referida empresa funcionou como responsável pela coordenação das várias consultoras internacionais que trabalharam na reestruturação da Sonangol, incluindo, entre outras, a BCG, PWC, McKinsey e VdA.

“Estas consultoras internacionais trabalharam com a Matter Business Solutions na sua qualidade de coordenador transversal do projeto de reestruturação do Grupo Sonangol e receberam pagamentos de cerca de 90 milhões de dólares, efetuados pela Matter Business Solutions”, disse Isabel dos Santos.

Por isso, sublinhou, “as informações de que a Matter é uma empresa fantasma que recebeu injustificadamente mais de 100 milhões de dólares são particularmente enganosas e manipuladoras”. A empresária adianta ainda que os trabalhos de consultoria e apoio à reestruturação da Sonangol decorreram ao longo de 18 meses em mais de 20 empresas do grupo, tendo “contribuído para gerar resultados positivos” no grupo.