A maior feira de telemóveis do mundo, o Mobile World Congress (MWC), realiza-se de 24 a 27 de fevereiro, em Barcelona, mas na edição que marca o 33º aniversário do evento, há desistências de peso. O surto da nova estirpe do coronavírus  — que já provocou mais de 900 mortos no mundo — levou várias empresas tecnológicas a cancelarem a sua presença no evento.

Nesta segunda-feira, a Sony revelou que tomou “a difícil decisão de deixar de expôr e participar do MWC 2020 em Barcelona”. A multinacional japonesa diz que está a acompanhar de perto a “situação em evolução após o novo surto de coronavírus” e que, apesar de não estar presente, vai manter a sua conferência de imprensa na manhã do dia 24 de fevereiro para apresentar as novidades em relação aos produtos. Mas será transmitida em vídeo, no canal oficial Xperia, no YouTube.

“Como damos a máxima importância à segurança e ao bem-estar de nossos clientes, parceiros, media e funcionários, tomamos a difícil decisão de deixar de expor e participar do MWC 2020 em Barcelona, Espanha”, lê–se no comunicado enviado às redações. “A Sony gostaria de agradecer a todos pela compreensão e apoio contínuo durante esses tempos difíceis.”

No domingo, foi a vez de a gigante Amazon anunciar que também não vai estar presente no MWC. Segundo a Reuters, a empresa fundada e liderada pelo multimilionário Jeff Bezos anunciou que “devido ao surto e às preocupações contínuas com o novo coronavírus”, a empresa se ia “retirar da exibição e participação” no evento.

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As expectativas face à presença da Amazon no MWC eram grandes, porque a empresa estava a organizar uma conferência que iria ocupar todo o primeiro dia do evento. Este evento estava a ser organizado pelo Amazon Web Services (AWS), área responsável pelos serviços de computação na nuvem do gigante tecnológico.

A maca sul-coreana LG Electronics também já fez saber que “decidiu não participar no MWC 2020, “para evitar expôr desnecessariamente centenas de colaboradores da LG a viagens internacionais, seguindo as diretivas recomendadas pela grande maioria dos especialistas em saúde.

“A LG Electronics está a seguir de perto a situação relacionada como o novo surto de coronavírus, tendo sido recentemente declarada uma emergência global pela Organização Mundial de Saúde, uma vez que o vírus continua a expandir-se além das fronteiras da China. Tendo em mente a segurança dos seus colaboradores e do público em geral, a LG decidiu não participar no MWC 2020”, lê-se no comunicado enviado aos jornalistas.

Para compensar a ausência da empresa no evento, a LG comprometeu-se em realizar outros eventos num futuro próximo para apresenta os seus produtos mobile para este ano. “A LG Electronics agradece assim aos seus parceiros, clientes e ao público em geral pela sua compreensão durante estes tempos difíceis e desafiantes.”

Já a Samsung decidiu manter a sua participação na feira, mas com medidas adicionais de precaução. “Vão estar espalhados pelo evento estações de desinfeção de mãos, vão ser instaladas câmaras de imagens térmicas nas váias entradas do evento e vão estar disponíveis máscaras faciais, para quem precisar”, lê-se no comunicado também enviado aos jornalistas.

Além destas, também a tecnológica norte-americana Nvidia e a sueca Ericsson anunciaram que cancelaram a ida a Barcelona. Bem como a fabricante de telemóveis chinesa ZTE, que cancelou a conferência de imprensa que tinha marcada. Já a gigante chinesa Huawei mantém os planos que tem para o MWC, apesar de ter revelado que pediu aos funcionários chineses que se isolassem. A empresa disse ainda que contratou trabalhadores europeus para cobrir os chineses que não vão poder ir, segundo a publicação digital tecnológica Engadget.

Evento mantém-se, mas com cuidados redobrados

A GSMA, responsável pela organização do evento, mantém as datas e planos, mas também já fez chegar aos jornalistas as medidas que terá em curso devido ao surto da nova estirpe do coronavírus. “A GSMA quer reassegurar os participantes e empresas expositoras que a sua saúde e segurança são a nossa principal preocupação, razão que nos leva a implementar medidas extras”, lê-se no comunicado enviado aos jornalistas.

A organização do evento compromete-se, assim, a não ter no evento ninguém precedente da região chinesa de Hubai. Mais: todos os participantes que tiverem estado na China vão ter de provar que estiveram fora daquele país nos 14 dias que antecedem o evento; vai ser implementado um sistema de triagem de temperatura dos participantes; e os participantes deverão certificar-se de que não entraram em contacto com ninguém infetado.

“Com um plano adicional em andamento, vamos continuar a monitorizar a situação e adaptaremos os nossos planos de acordo com os desenvolvimentos [da situação] e com os conselhos que recebermos. Estamos a lidar com uma situação que está em constante evolução e que vai exigir uma rápida adaptabilidade”, lê-se.

O evento vai contar com um programa e material de desinfeção que será transversal a todas as áreas, vai contar com mais apoio médico, campanhas de sensibilização e com uma linha de telefone de apoio médico disponível durante 24 horas por dia, ente outras.

“A GSMA recomenda vivamente aos expositores e participantes que implementem diretrizes e protocolos apropriados, conforme sugerido pela OMS e outras autoridades de saúde, para conter e mitigar qualquer propagação adicional do vírus”, lê-se.

A nova estirpe do coronavírus já matou 910 pessoas, superando o número de vítimas causadas pela estirpe anterior, a SARS. Na China, morreram 908 pessoas, sendo que as outras duas morreram em Hong Kong e nas Filipnas. Há mais de 40 mil pessoas infetadas no mundo, sendo que 539 foram detetados fora da China.