O Teatro Maria Matos vai reabrir em abril, estando a apresentação da nova programação marcada para 27 de março, Dia Mundial do Teatro, anunciou esta quinta-feira a Câmara Municipal de Lisboa. A empresa Força de Produção venceu a consulta pública para a concessão da companhia.

Com a reabertura do Teatro Maria Matos, fica concluída a reorganização da rede municipal de teatros da cidade, que passa assim a ter uma oferta cultural mais abrangente e diversificada, em diversos locais da cidade e para vários tipos de público”, lê-se num comunicado da Divisão de Comunicação da autarquia de Lisboa, esta quinta-feira divulgado, que não especifica a quem fica concessionado aquele teatro.

A decisão de concessionar o Maria Matos a privados foi anunciada em dezembro de 2017, pela vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, no âmbito do projeto de remodelação da rede de teatros municipais.

Em julho de 2018, foi anunciado o resultado do concurso público, com a Força de Produção em primeiro lugar, mas dois meses depois a empresa municipal de gestão e animação de equipamentos culturais de Lisboa (EGEAC), revelou ter recebido uma reclamação da produtora de teatro Yellow Star Company, sobre o resultado, tendo a concessão ficado em suspenso desde então.

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A agência Lusa tentou contactar o gabinete da vereadora Catarina Vaz Pinto, o que não foi possível até ao momento.

Existem agora três teatros municipais: o Teatro São Luiz, que recentemente cumpriu 125 anos, o LU.CA – Teatro Luís de Camões, na zona Belém-Ajuda, único teatro municipal do país com uma programação contemporânea exclusivamente para um público infantojuvenil, e o Teatro do Bairro Alto, local onde esteve sediada a companhia Teatro da Cornucópia, devolvido pela CML à cidade no passado mês de outubro, para aí promover uma programação contemporânea experimental”, lê-se no comunicado da autarquia.

A rede municipal é também composta por cinco espaços cedidos a companhias de teatro (Teatro Aberto, Galeria da Mitra/Teatro Meridional, Teatro da Comuna, Teatro Cinearte – A Barraca e Teatro Taborda), e dois teatros arrendados a projetos artísticos selecionados por consulta pública (Cineteatro Capitólio e Teatro Maria Matos).

O Teatro Maria Matos foi inaugurado em 22 de outubro de 1969, sob direção artística de Igrejas Caeiro, com a peça “Tombo no Inferno”, de Aquilino Ribeiro. A sala, que no início dos anos 1970 chegou a funcionar como estúdio de televisão e por onde passaram várias companhias nos anos 1980, foi adquirida pela autarquia de Lisboa, em 1982. Entre 1982 e 2004, ano em que fechou para uma “intervenção de profunda remodelação”, o Maria Matos foi palco de espetáculos de companhias e projetos como A Barraca, Teatro Infantil de Lisboa, O Bando, Companhia de Teatro de Lisboa, Teatro da Garagem, Escola de Mulheres, Companhia Paulo Ribeiro, CRINABEL – Teatro, entre muitos outros.

As obras duraram cerca de dois anos (2004-2006) e implicaram “a remodelação da sala e dos bastidores, a melhoria da acústica, da iluminação, da climatização, o reforço da segurança e a eliminação das barreiras arquitetónicas”. O espaço reabriu em 27 de março de 2006, sob direção artística do ator e encenador Diogo Infante, com uma programação que incluiu “produções teatrais próprias e coproduções de vários dos festivais de artes performativas e de cinema em Lisboa”.

Em julho de 2008, Diogo Infante demitiu-se do cargo, que abandonaria em setembro, alegando falta de meios para prosseguir o projeto que iniciara dois anos antes, naquele equipamento municipal. Para o substituir foi escolhido o belga Mark Deputter, a residir em Lisboa desde 1995, que, ao apresentar a programação da primeira temporada da sua responsabilidade (2009/2010), definiu aquela estrutura municipal como “um polo dinamizador da criação independente em Lisboa”, que durou quase 10 anos. Em agosto de 2017, foi anunciada a sua saída, mas também que deixaria a programação assegurada até 14 de julho de 2018, dia em que o Teatro Maria Matos encerrou enquanto espaço com gestão municipal.

Em setembro desse ano, o teatro deveria ter reaberto com um novo modelo de gestão, arrendado a agentes culturais privados, no âmbito de um processo de reestruturação da rede municipal de teatros. Nesse contexto, a missão até então desenvolvida no Maria Matos passou a ser garantida no Teatro Luís de Camões (LU.CA), que reabriu em junho de 2018, com programação para crianças e jovens, e no Teatro do Bairro Alto (antiga sede do Teatro da Cornucópia), reaberto no ano passado, mais virado para o experimentalismo.

Em abril de 2019, a vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, disse que o teatro abria ao público após obras, mesmo que o processo judicial não esteja concluído.

Em outubro de 2019, quando cumpriu 50 anos, o Teatro Maria Matos não constava da lista de espaços culturais do site da EGEAC, tanto dos que têm gestão municipal, como o Cinema São Jorge, a Casa Fernando Pessoa, a Galeria da Boavista ou o Museu da Marioneta, como dos que têm protocolo de cedência, que, entre outros, inclui o Teatro Aberto, a Antiga Galeria da Mitra ou o Teatro Taborda.