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Jovane, a tímida fagulha que tenta incendiar uma equipa sem fogo (a crónica do Rio Ave-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

O Sporting voltou a jogar pouco, voltou a criar pouco e voltou a estar a perder. Evitou a derrota frente ao Rio Ave com um golo de Jovane, que entrou para fazer o que ainda ninguém tinha feito (1-1).

O jovem avançado não marcava desde dezembro de 2018
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O jovem avançado não marcava desde dezembro de 2018

LUSA

O jovem avançado não marcava desde dezembro de 2018

LUSA

Uma semana. Passou uma semana desde que as claques do Sporting organizaram um protesto contra Frederico Varandas e a respetiva direção, desde que dois elementos dessa mesma direção foram insultados e agredidos no interior do Multidesportivo do clube, desde que a principal equipa de futebol ganhou com dificuldade em Alvalade ao Portimonense depois de 15 minutos iniciais em que pouco ou nada de ouviu nas bancadas do estádio. Uma semana em que o Sporting voltou a estar na ordem do dia — sempre fora dos relvados.

Frederico Varandas deu uma entrevista onde recordou que a guerra da direção do Sporting é contra a direção das claques e não contra as claques em si — depois de, no fim de semana, ter garantido que “esta gente não vai voltar a mandar no Sporting –, o julgamento das agressões de Alcochete continuou no Tribunal do Monsanto, com o primeiro arguido a ser ouvido e Bas Dost a recordar o momento em que foi atingido por um cinto, e a Juventude Leonina convocou uma conferência de imprensa para este sábado. Horas antes de o Sporting defender o terceiro lugar em Vila do Conde, a principal claque leonina garantiu que “não manda nem é nada” sem o clube, reiterou que nenhum dos elementos que agrediram os elementos da direção no Multidesportivo tem ligações à Juventude Leonina, assinalou uma política de “tolerância zero” em relação à violência e voltou a criticar Frederico Varandas.

Ficha de jogo

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Rio Ave-Sporting, 1-1

21.ª jornada da Primeira Liga

Estádio dos Arcos, em Vila do Conde

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Rio Ave: Kieszek, Figueiras (Carlos Mané, 87′), Borevkovic, Santos, Reis, Musrati, Filipe Augusto, Diego, Lucas Piazon (Bruno Moreira, 90+1′), Nuno Santos, Taremi

Suplentes não utilizados: Paulo Vítor, Nélson Monte, Vitó, Pedro Amaral, Messias Jr.

Treinador: Carlos Carvalhal

Sporting: Maximiano, Ristovski, Coates, Neto, Borja, Eduardo (Gonzalo Plata, 75′), Doumbia (Battaglia, 75′), Wendel, Rafael Camacho (Jovane Cabral, 56′), Bolasie, Sporar

Suplentes não utilizados: Diogo Sousa, Francisco Geraldes, Jesé, Pedro Mendes

Treinador: Silas

Golos: Lucas Piazon (2′), Jovane Cabral (83′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Borevkovic (41′), a Coates (49′ e 71′), a Nuno Santos (67′), a Luís Neto (77′), a Taremi (90+3′); cartão vermelho por acumulação a Coates (71′)

Pelo meio, dentro dos relvados, o Sporting visitava um Rio Ave de Carlos Carvalhal que esta temporada já ganhou duas vezes em Alvalade. E hoje em dia, a verdade é que o jogo semanal que a principal equipa de futebol do Sporting disputa acaba por ser a chama que acende tudo o resto mas também um fogo que já pouca gente se recorda de que está aceso: entre entrevistas, críticas de muitas origens, testemunhos em tribunal e conferências de imprensa, o Sporting continua a jogar todos os fins de semana. Mas a verdade é que esse já parece ser o ponto de menor interesse das semanas do clube de Alvalade.

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Contra os vilacondenses, os leões não podiam perder para evitar que a equipa de Carlos Carvalhal os igualasse na classificação — e também para segurar o terceiro lugar, já que à hora do apito inicial no Estádio dos Arcos o Sp. Braga já tinha vencido o Benfica na Luz e já estava à condição na última posição do pódio da Liga. Sem Mathieu e Acuña, ambos lesionados, e ainda sem Vietto, castigado, Silas deixava Battaglia no banco e apostava em Eduardo e Doumbia no meio-campo, lançando Neto no lugar do central francês e Borja na esquerda da defesa. No ataque, e dias depois de alguma imprensa desportiva garantir que Bolasie e Jesé não contavam para Silas, o avançado congolês regressava ao onze depois de dois jogos sem ser opção e fazia companhia a Rafael Camacho e Sporar. Jesé, precisamente, estava no banco: assim como Francisco Geraldes, que voltou ao Sporting depois de estar emprestado ao AEK da Grécia durante a primeira metade da época, e o Sub-23 Pedro Mendes.

Contra um Rio Ave que não podia contar com o capitão Tarantini, que estava castigado, Silas lançou Camacho no corredor esquerdo e Bolasie na ala contrária, com Wendel a aparecer nas costas de Sporar, Eduardo uns metros atrás e Doumbia enquanto médio mais próximo da linha defensiva. Face à ausência de Tarantini, Carlos Carvalhal ofereceu a primeira titularidade ao ex-V. Guimarães Al Musrati: que acabou por ser instrumental para o lance, logo ao segundo minuto, que definiu toda a primeira parte. Numa fase em que as duas equipas ainda pareciam estar a estudar-se mutuamente, o Rio Ave aproveitou para se colocar desde logo num zona muito avançada do terreno e conquistou o primeiro pontapé de canto quando os jogadores leoninos ainda mal tinham tocado na bola.

Canto batido na direita, a defesa do Sporting não conseguiu aliviar da melhor maneira, Filipe Augusto voltou a cruzar, Al Musrati apareceu totalmente sozinho ao segundo poste a desviar para a pequena área e Lucas Piazon, sem qualquer oposição, só precisou de cabecear para abrir o marcador (2′). O jogador brasileiro que está emprestado pelo Chelsea fazia o quarto golo da conta pessoal esta temporada, sendo que o primeiro já tinha sido precisamente aos leões, em Alvalade. A entrar no jogo praticamente a perder, o Sporting reagiu nos instantes que se seguiram ao golo sofrido, com Coates a assinar uma arrancada que só foi interrompida já na grande área por Matheus Reis (8′). A equipa de Silas procurou conquistar o controlo do jogo mas tinha uma posse de bola lenta e sem qualquer risco vertical, limitando-se a rendilhar a partida de um corredor para o outro sem descobrir linhas de passe que pudessem entrar nas costas da defesa vilacondense.

Do outro lado, o Rio Ave atacava principalmente pelo corredor direito de onde surgiu o golo. Rafael Camacho, que jogava à frente de Borja, fazia as dobras em zonas muito interiores e deixava o equatoriano sozinho na ala na defesa dos perigosos Piazon e Al Musrati e ainda Diogo Figueiras, o lateral que subia ao longo de toda a faixa para dar linhas de passe e desequilibrar na hora da aproximação à grande área de Maximiano. Foi precisamente assim que o Rio Ave ficou perto do segundo golo, num lance onde Nuno Santos apareceu na esquerda da área a rematar depois de um cruzamento de Piazon do lado contrário, para o guarda-redes leonino defender com os pés (16′).

O Sporting teve mais bola durante a primeira parte mas era sempre lento ou na hora de avançar ou na reação à perda de bola, não conseguindo materializar essa superioridade teórica em oportunidades de golo. Sporar estava totalmente alheado da partida, Camacho e Bolasie tinham pouco espaço e os melhores elementos leoninos iam sendo Doumbia e Eduardo, que surgiam enquanto pêndulos da equipa e pareciam os dois jogadores com maior intensidade. Uma intensidade que faltou aos leões durante o primeiro tempo e que ficava principalmente visível nas transições ofensivas e defensivas: nas primeiras, a vontade de procurar linhas de passe era pouca ou nenhuma e não foi feito qualquer remate enquadrado no primeiro tempo; nas segundas, a passividade permitia ao Rio Ave aproximar-se muitas vezes da área de Max. Antes do intervalo, Eduardo ainda acertou na trave com um grande remate (37′) e Silas ainda trocou Camacho e Bolasie de corredores, para tentar estancar o fluxo ofensivo vilacondense pela esquerda, mas as duas equipas foram para o balneário com o Rio Ave a ganhar ao Sporting pela margem mínima.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Rio Ave-Sporting:]

Silas não mexeu logo no início da segunda parte mas só esperou sete minutos até fazer a primeira alteração — até porque nesse espaço de tempo pouco ou nada mudou na dinâmica do Sporting em relação àquilo que tinha sido a primeira parte. Jovane Cabral, que tem estado em bom plano desde que voltou de lesão, entrou para o lugar de um apagado Rafael Camacho mas os leões continuavam com muitas dificuldades para estagnar as investidas adversárias e criar oportunidades. Os jogadores do Rio Ave tinham muito espaço para pensar e construir, algo que o Sporting não conseguia fazer: muito por responsabilidade de Wendel, que estava muitos níveis abaixo daquilo a que habituou os adeptos leoninos.

No setor mais recuado da equipa de Silas, já que a bola raramente aparecia na linha mais adiantada, o destaque ia para Luís Neto. O central internacional português, que teve um início difícil no Sporting, fez inúmeros cortes in extremis que evitaram o aumentar da vantagem por parte do Rio Ave e era o principal inconformado dos leões, motivando a equipa frequentemente e oferecendo a motivação que nenhum dos colegas parecia ter. Numa altura em que o jogo entrava numa fase de ritmo médio-baixo, com os próprios vilacondenses a entrarem num compreensível modo de gestão da vantagem, Coates fez falta sobre Taremi — o mesmo Taremi que foi o alvo do Sporting no mercado de inverno mas que acabou por não ir para Alvalade –, viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, deixando os leões reduzidos a dez unidades a 20 minutos do apito final.

Silas ainda tirou Eduardo e Doumbia para lançar Gonzalo Plata e Battaglia, numa dupla alteração arriscada que parecia demonstrar que o treinador leonino queria ir atrás do resultado, e o Sporting acabou por conseguir empatar numa altura em que o jogo tinha partido ligeiramente. Num lance com muito mérito para Bolasie, que levou a jogada até ao fim e nunca deu espaço a Borevkovic, o central croata acabou por fazer falta sobre o avançado no interior da grande área e Jovane Cabral, na conversão da grande penalidade, empatou a partida (83′).

Num jogo com sete (!) minutos de tempo extra, devido a uma paragem prolongada na segunda parte provocada por problemas no aparelho de comunicação de um dos assistentes, Carlos Carvalhal ainda lançou Carlos Mané e Bruno Moreira para ir atrás do resultado mas o marcador já não voltou a alterar-se. Numa exibição novamente pobre, novamente parca em ideias, intensidade e atitude, o Sporting acabou por conseguir evitar o maior dos males e saiu de Vila do Conde com um ponto que lhe permite manter-se à frente do Rio Ave mas que não evita a queda para o quarto lugar, com o Sp. Braga a subir ao pódio da Liga. Silas arriscou depois da expulsão mas foi a substituição que fez ainda com 11 elementos, a entrada de Jovane, que acabou por mexer mais com a equipa: o jovem avançado, que não marcava desde dezembro de 2018, fez os únicos dois remates enquadrados dos leões no jogo, converteu a grande penalidade e lutou por essa marcação com Bolasie, agarrando na bola assim que o árbitro assinalou o penálti e não permitindo que o congolês marcasse. Jovane, que durante a semana mostrou os livres que marcou nos treinos através das redes sociais a Bruno Fernandes, pode perfeitamente ser a rebeldia que falta ao Sporting desde que o capitão saiu.

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