3050 crianças do 1º ciclo sem computador ou tablet com acesso à internet. A conclusão é da Câmara Municipal de Lisboa, depois de um levantamento exaustivo das necessidades dos alunos que frequentam os estabelecimentos de ensino do município. Acresce a este número uma quantidade significativa de estudantes que, tendo acesso doméstico a estes dispositivos, têm de o partilhar com irmãos ou familiares em teletrabalho.

Com o anúncio, feito hoje pelo primeiro-ministro, António Costa, de que o ensino básico (do primeiro ao nono ano) prosseguirá com aulas à distância durante todo o terceiro período, aos alunos sem internet ou computador em casa é preciso, igualmente, garantir o direito à educação.

Com esse objetivo, foi aprovada em reunião privada do executivo, esta quinta-feira, a proposta de mobilização de 1,5 milhões de euros do orçamento municipal para a aquisição de computadores e routers 4g para responder às crianças de 1.º ciclo mais vulneráveis da cidade. A medida faz parte do “programa para redução das desigualdades dos alunos de 1.º ciclo das escolas do município”, aprovado com os votos favoráveis do PS e BE (partidos que têm um acordo de governação na Câmara) e a abstenção de PSD, CDS-PP e PCP.

“Num orçamento geral de 1,5 mil milhões de euros à disposição da CML, este é um pequeno esforço que pode fazer toda a diferença”, justifica Manuel Grilo, responsável pelo pelouro da Educação e dos Direitos Sociais. E acrescenta que só este complemento tecnológico permitirá “assegurar que todos os alunos têm acesso a ferramentas que mitiguem os efeitos perversos da pandemia”, nomeadamente no que diz respeito ao “previsível aumento das desigualdades em contexto escolar”.

Apesar de assumir que a solução da telescola é “bem-vinda”, não deixa também de ser “insuficiente para estes alunos, que permanecerão numa situação de franca desigualdade perante os colegas com acesso a recursos digitais e interação regular com a escola e os professores”. Segundo explicou, esta quinta-feira, António Costa, essas emissões televisivas diárias com conteúdos pedagógicos (transmitidas pela RTP Memória a partir do dia 20 de Abril) vão “complementar o ensino à distância”, mas não substituirão o “trabalho pedagógico” que os professores desenvolvem com os seus alunos.

O pacote de medidas do BE para responder à Covid-19, inclui ainda o acesso remoto a obras do Plano Nacional de Leitura e a implementação de medidas que mitiguem o efeito da violência doméstica sobre crianças e jovens em confinamento.

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