O próximo álbum de banda desenhada protagonizado pelo cowboy solitário Lucky Luke, a editar em outubro, abordará o problema da segregação racial, foi esta segunda-feira anunciado.

Intitulada “Un cowboy dans le coton”, a nova história de BD foi criada “muito antes de se saber da morte de George Floyd”, afirmou o argumentista francês Jul à agência France Presse, referindo-se ao afro-americano que morreu em maio passado depois de ter sido detido e imobilizado por um polícia branco, acabando por morrer asfixiado.

A morte de George Floyd desencadeou uma onda de protestos e distúrbios raciais contra a violência policial exercida pela polícia contra pessoas negras, em várias cidades dos Estados Unidos e de outros países.

Segundo o argumentista francês, que volta a trabalhar com o desenhador Achdé neste novo álbum, nas histórias de Lucky Luke, passadas num imaginário faroeste, os afro-americanos foram sempre retratados de forma marginal, com aparições esporádicas e sem diálogos.

A imagem de “Un cowboy dans le coton” divulgada esta segunda-feira revela um extenso campo de algodão, onde está Lucky Luke acompanhado de um xerife negro, ambos armados. Ao fundo do campo estão quatro elementos do movimento supremacista e antissemita Ku Klux Klan, encapuzados e com tochas.

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Segundo a sinopse, a narrativa desta nova BD decorre em Louisiana, onde Lucky Luke herdou um campo de algodão e tenta lutar contra os proprietários mais poderosos da região e contra a segregação racial.

Ao seu lado terá os irmãos Dalton, os Cajuns e um xerife inspirado na figura verídica do policial Bass Reeves que, no século XIX, descendente de escravos, se tornou no primeiro xerife-adjunto negro a oeste do Mississipi.

Lucky Luke, criado em 1946 por Morris (1923-2001), é uma das figuras mais conhecidas da banda desenhada franco-belga, com mais de 300 milhões de livros vendidos e traduzido para quase trinta línguas, incluindo a língua portuguesa.

Jul e Achdé assinaram os dois mais recentes álbuns de BD do cowboy solitário que dispara mais rápido do que a própria sombra: “A terra prometida”, de 2016, e “Um cowboy em Paris”, de 2018.

“Un cowboy dans le coton”, ainda sem tradução Portuguesa, sairá a 23 de outubro.