O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, visitava a escola secundária da Ramada, em Odivelas, quando entrou numa aula de Matemática A, lembrando aos alunos como a pandemia demonstrou para que serve a matemática. Sem serem necessárias grandes equações, embora – oficialmente – a ocasião fosse para falar de remoção de amianto, o ministro que estava a ser pressionado pela oposição para definir um plano para o próximo ano letivo, deu as primeiras luzes sobre o assunto. Tiago Brandão Rodrigues anunciou que o próximo ano letivo arranca entre 14 a 17 de setembro e antecipou que nesse calendário será definido que “primeiras cinco semanas sejam de recuperação e de consolidação daquilo que não foi possível lecionar neste ano letivo”. Isto passará por uma aposta “muito forte” nas tutorias.

O ministro da educação também estava a ser acusado — em particular pelo CDS, que na segunda-feira deu uma conferência de imprensa sobre o assunto — de não estar a envolver as escolas no planeamento do próximo ano letivo. Tiago Brandão Rodrigues explicou que o governo ainda esta semana falará “com os atores da educação”, o que inclui “as associações de diretores, bem como as confederações de pais.”

CDS critica “vazio” do governo e exige calendário para o próximo ano letivo

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O próprio primeiro-ministro António Costa acabaria por reforçar a ideia, dizendo que “o primeiro objetivo do inicio do próximo ano letivo é recuperar o défice de aprendizagem deste ano”, já que é preciso demonstrar a “esta geração que não só não perdeu o ano, como não perdeu a oportunidade de aprender”. É um sinal de que a pandemia não eliminou simplesmente matéria e que essa será dada.

Tanto o primeiro-ministro como ministro da Educação defenderam que o ensino presencial terá de ser o modelo no próximo ano letivo, salvo exceções provocadas pela crise sanitária. António Costa diz que a telescola e o apoio da escola digital foi “importante” nesta última parte do ano letivo, mas defende que “nada substitui o ensino presencial”. Na mesma linha, Tiago Brandão Rodrigues diz que o governo tudo fará para “que o próximo ano letivo seja mais normal do que este ano letivo” e reiterou que o executivo quer que “ensino seja presencial”, já que o ensino à distância “tendo sido o possível” nos últimos tempos, “não é o desejável”.

Esta é uma questão que será debatida também no Parlamento esta quarta-feira, depois de o Bloco de Esquerda, que já acusou o Ministério da Educação de estar em silêncio e de deixar o país “em suspenso”, ter agendado um debate sobre a preparação e o funcionamento do próximo ano letivo.

A luta contra o amianto: “Isto faz-se num fim de semana”

Os ministros (eram três, se incluindo o primeiro-ministro) aos quais juntou ainda o presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) juntaram-se na Ramada para assinar um protocolo de algo já previamente anunciado: que o governo vai investir 60 milhões de euros a retirar amianto das escolas. E todos parecem estar com pressa para o fazer.

O presidente da ANMP, Manuel Machado, diz que há condições para “pôr as mãos à obra” e que os municípios e revelou que houve uma discussão “intensa” entre o governo central e as autarquias, que são mais de 150 envolvidas neste processo. Todos discursaram com um longo “telheiro” de amianto como pano de fundo. A ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, que também firmou o protocolo, disse para o presidente da câmara de Odivelas, Hugo Martins: “Senhor presidente, isto é um fim-de-semana de trabalho. Eu sei porque já fui dona de obras”. E acrescentou num voto de confiança aos presidentes de câmara: “Os Autarcas estão habituados a isto, a pôr a mão na massa.”

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, também lembrou o esforço do governo central em fazer obras nas escolas. “Tirámos as cifras da página de Excel e injetámos na economia”. O primeiro-ministro também destacou que, além de melhorar as escolas e remover um material nocivo, os 60 milhões investidos na remoção de amianto também ajudam a dinamizar a economia e o emprego, nomeadamente no setor da construção.

Ano letivo em setembro. Ministério da Educação quer aulas presenciais, mas não abre o jogo. Partidos e professores pressionam