É a segunda vez em duas semanas que o PAN chama à sede na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, os jornalistas para apresentar justificações pela desvinculação de elementos que haviam sido eleitos pelo partido. Primeiro o eurodeputado Francisco Guerreiro, agora a deputada Cristina Rodrigues. Segundo André Silva, as sete desvinculações na última semana “são apenas um número” e o partido “está com mais força para continuar o caminho que tem vindo a trilhar”.

Mas o discurso do porta-voz do partido foi mais acre. À semelhança das justificações apresentadas numa reação à saída dos três elementos que compunham a Comissão Política Nacional, o PAN diz que a desfiliação de Cristina Rodrigues apenas antecipou aquilo que seria “um inevitável processo de retirada de confiança política do partido”. Acusa a agora deputada independente de “não conviver bem com a democracia” e de não estar presente em muitas reuniões do grupo parlamentar onde as decisões eram tomadas.

Sobre o argumento apresentado por Cristina Rodrigues de ter sido afastada da Comissão Política Permanente, o porta-voz do PAN diz que não corresponde à verdade, uma vez que Cristina Rodrigues não terá apresentado qualquer candidatura ao órgão do partido.

Num crescendo de críticas à postura da deputada, André Sival acusou-a ainda de “constante falta de solidariedade institucional” depois de Cristina Rodrigues ter afirmado que “não devia lealdade ao Grupo Parlamentar” e que a “falta de interesse e de empenho que foi por demais evidente ao nível do trabalho político que não desenvolveu nas Comissões que acompanhava”.

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Ladeado por três elementos da Comissão Política Nacional (Inês de Sousa Real, Bebiana Cunha e Nelson Silva), André Silva colocou todos os casos dos últimos dias no mesmo saco: “Usaram o PAN como trampolim para chegar até estes lugares”.

“Concertaram-se para esta saída, optaram pelo caminho mais fácil da saída não reconhecendo nunca as suas responsabilidades. Não estão comprometidos com o partido. Das pessoas que recentemente saíram do partido, nenhuma abdicou de cargos políticos remunerados, apenas nas assembleias municipais. Têm interesses próprios e agenda pessoal e usaram o PAN como trampolim para chegar até estes lugares”, afirmou o porta-voz do partido.

Considerando este como um “momento de viragem” no partido, André Silva recusa que as saídas fragilizem a imagem do partido, mas aponta que seja esse o objetivo de quem saiu: “Apenas serve para criar dano ao partido”. A hipótese de convocar um Congresso extraordinário para avaliar as saídas dos últimos dias também não está nos planos.

“Neste momento convocar um congresso a quente não é a melhor situação. Não há uma crise no partido, são duas pessoas, representantes determinados que entenderam prosseguir articuladamente os seus percursos pessoais. O PAN atempadamente fará a discussão que deve ser feita do ponto de vista interno”, disse.

Tentando desvalorizar o impacto de ter pedido dois dos mandatos, André Silva disse ainda que “todos os dias há filiações e desfiliações no PAN” — ainda que haja uma diferença entre filiações de membros eleitos ou nas bases do partido — e que “o que importa é o projeto político do PAN que tem 10 anos” e que, afirma, “já deu provas e trabalha de forma afincada”.