Os trabalhadores do jogo protestam na quinta-feira junto ao Casino de Espinho, exigindo que os clientes das casas de apostas sejam obrigados a usar máscara e que os seus salários reflitam os crescentes lucros das plataformas online.

Segundo revela António Baião, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro, a iniciativa visa também denunciar a “indisponibilidade” do Grupo Solverde –detentor desse casino do distrito de Aveiro e de outros no país – para negociar um novo contrato coletivo de trabalho, dado que o último “caducou há vários anos”.

O sindicalista garante à Lusa que “há trabalhadores a viver situações dramáticas porque, como se não bastasse o layoff, também perderam as gorjetas – 40% do seu rendimento mensal vinha dessas compensações por parte dos clientes e, sem salário nem gorjetas, já não têm como cumprir os compromissos que estabeleceram com rendas e outras despesas”.

António Baião reclama, por isso, “a reposição dos salários a 100% no período de layoff” e assegura que, independentemente da pandemia, “não há desculpa para o Grupo Solverde não melhorar os salários dos seus trabalhadores” porque, embora os casinos tenham fechado durante algum tempo devido ao vírus SARS-CoV-2, “a Covid tem sido boa para o setor” do jogo.

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Mesmo com os casinos fechados, só o lucro das apostas online nestes meses superou o total que a Solverde ganharia com o jogo das casas físicas e da internet, em conjunto, num período normal”, realça o dirigente do sindicato.

Além disso, os casinos “deixaram de pagar a Segurança Social dos trabalhadores durante estes meses”, o que, face ao referido acréscimo de lucro nas plataformas da internet, “só prova que [esses estabelecimentos] se estiveram é a aproveitar do Estado para meter mais verbas ao bolso”.

Perante essa disponibilidade financeira, António Baião considera “ainda mais chocante a postura de indiferença da Solverde quanto à saúde dos seus trabalhadores” no contexto da Covid-19. “Os funcionários têm que usar máscara, mas luvas não podem porque, de outra forma, não conseguiam manusear as cartas e fichas de jogo. Os clientes não são obrigados a usar máscara, estão como num restaurante, porque o casino lhes serve bebidas e comida entre os jogos, e, como também não usam luvas, aumentam é o risco de transmissão do vírus de tanto mexerem em fichas e cartas, mesmo em cima dos trabalhadores”, explica.

Outro exemplo: “Mede-se a temperatura aos funcionários. Aos clientes, não tenho indicação de que isso aconteça”.

O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro admite que “os casinos não são todos iguais”, mas aponta os do Grupo Solverde como os que exibem piores práticas e “mais desvalorizam” os seus recursos humanos.

É mesmo má-fé, quando nem sequer se prestam a sentar-se à mesa com os sindicatos para negociarem um novo acordo de trabalho. Em outros casinos, o contrato coletivo vai sendo atualizado todos os anos, mas na Solverde o que querem é que ele se mantenha caducado, para poderem aplicar a lei geral aos salários e saírem sempre eles beneficiados”, conclui António Baião.

Contactada pela Lusa, a direção do Grupo Solverde não comentou o assunto.