“Quem chega ao Norte para jogar no Futebol Clube do Porto, nunca mais na vida se esquece da forma como é recebido (…) Durante este tempo em que estive no Porto, quando já alguns pensavam que eu estava acabado, tive a alegria de dar o meu melhor, trabalhar ao máximo e ajudar o clube o melhor que soube e pude, dentro e fora de campo. Por agora os nossos caminhos vão separar-se, mas onde quer que esteja nunca me vou esquecer do meu norte”.
Foi assim que, em julho de 2015, Ricardo Quaresma se despediu dos adeptos do FC Porto. O regresso tinha durado apenas ano e meio e acabou sem títulos — o destino era um outro regresso mas ao Besiktas, onde acabaria por passar os quatro anos seguintes, tornar-se um autêntico ídolo dos adeptos e acabar por sair no seguimento de um diferendo com a direção. Na última época, sem deixar a Turquia, esteve no modesto Kasimpasa. Mas esta segunda-feira, aos 36 anos, Quaresma está de volta a Portugal: e está principalmente de volta ao seu norte.
O internacional português foi anunciado como novo reforço do V. Guimarães e vai representar o terceiro clube na Primeira Liga, depois de Sporting e FC Porto. Os vimaranenses confirmaram a contratação através de um vídeo pensado ao pormenor: as duas alcunhas do jogador, “Mustang” e “Harry Potter”, são recordadas, e é revelado que Quaresma vai atuar com a camisola 10. Na equipa comandada por Tiago Mendes, a experiência do avançado será um trunfo para os objetivos dos vimaranenses, que falharam o apuramento para as competições europeias e terminaram o Campeonato no sétimo lugar, atrás de Rio Ave e Famalicão. Além disso, o jogador chega também para colmatar as saídas já confirmadas neste mercado, principalmente no setor ofensivo e criativo: João Carlos Teixeira foi para o Feyenoord, Pêpê vai reforçar o Olympiacos e Al Musrati saiu para o Sp. Braga.
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Ainda com Marcus Edwards no plantel e sem que esteja perspetivada uma saída do jovem inglês, Tiago passa a contar com dois desequilibradores nas alas e tem em Quaresma o 14.º (!) reforço para a próxima época, depois de Noah Jean Holm (Leipzig), Jonas Carls (Schalke 04), Kim Jung-Min (RB Salzburgo), Nicolas Tié (Chelsea), Yann Aurel Bisseck (Colónia), Francisco Ramos (Santa Clara), Matos Trmal (Slovácko), Jorge Fernandes (Kasimpasa), Lyle Foster (Mónaco), Abdul Mumin (Nordsjaelland), Bruno Varela (Ajax), Mensah (RB Salzburgo) e Sílvio (V. Setúbal).
Quanto a Ricardo Quaresma, volta a Portugal depois de cinco anos na Turquia, entre Besiktas e Kasimpasa, onde conquistou duas ligas turcas (2016 e 2017). Antes, e já depois dos dois anos passados no Sporting no início da carreira, esteve uma temporada no Barcelona e outras quatro no FC Porto, onde foi tricampeão nacional e ganhou uma Taça de Portugal e duas Supertaças. Logo depois, fez parte da equipa de José Mourinho que conquistou tudo no Inter Milão — Serie A, Taça de Itália e Liga dos Campeões — e ainda passou um ano emprestado ao Chelsea antes de rumar pela primeira vez à Turquia e ao Besiktas. Depois de uma época no Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, voltou então ao Dragão para ser orientado por Luís Castro e Lopetegui e voltar a sair sem ter conseguido reconquistar a Liga. Pelo meio, foi campeão da Europa com a Seleção Nacional em julho de 2016, não sendo convocado por Fernando Santos desde o Mundial da Rússia.
Quaresma. As sete (ou oito, ou nove) vidas de um desalinhado com pernas tortas
Uma ausência de mais de dois anos que pode muito bem ser um dos motivos para este regresso a Portugal e integração no V. Guimarães: um clube que luta por alguns objetivos no panorama nacional, que pode estar na Europa na próxima época e que não deixa de estar num radar mais próximo de Fernando Santos. Até porque, no passado mês de abril e já a pensar no adiamento do Euro 2020, Quaresma não estava com grandes esperanças de ser convocado.
“Sinceramente, não acredito muito. Deixei de ser convocado depois do Mundial, não sei bem porquê. Mas vou estar sempre disponível para a Seleção. Se acharem que posso ajudar, estarei por aqui. Não fiz um jogo de apuramento, não fiz nada… Se voltar para o FC Porto, se calhar, quem sabe”, disse, com gargalhadas pelo meio, durante uma conversa no programa “FC Porto em Casa”, difundida pelas redes sociais dos dragões na altura do confinamento. Nessa mesma entrevista, o internacional português deixou então essa intenção de voltar ao Dragão e terminar a carreira vestido de azul e branco.