Para Telmo Correia, deputado e líder parlamentar do CDS, a polémica em torno da presença de António Costa na comissão de honra que apoia a candidatura de Vieira às eleições do Benfica é exagerado. “Muitas das críticas são hipócritas, algumas são populistas e algumas são pouco sustentáveis“, afirmou na rádio Antena 1 o centrista, que tal como o primeiro-ministro também integra a comissão de honra de Luís Filipe Vieira às presidenciais encarnadas. Até porque “não podem vir críticas de quem no passado fez exatamente o mesmo”, acrescentou.
Começando por lembrar que António Costa “esteve, tanto quanto sei, em várias comissões de honra anteriores” de Vieira, Telmo Correia acrescentou: “Pode estar? Pode. Deve estar? Sendo primeiro-ministro, tenho as minhas dúvidas. Mas é uma questão à consciência dele, não há nenhum impedimento legal ou outros. Ele é que deve saber se pode ou se não pode”.
O líder parlamentar do CDS não deixou de corroborar a tese do primeiro-ministro, que defendeu que é como cidadão e sócio do Benfica e não como político que apoia Vieira e que o apoio não o condiciona politicamente. “Se nessa comissão de honra estou eu e o António Costa, só demonstra que o António Costa tem razão: isto não tem nada a ver com política, porque se tivesse a ver com política era impensável eu e o António Costa, que nos conhecemos desde a faculdade e até antes disso, estarmos juntos”.
Politicamente nunca estivemos juntos em coisa nenhuma nem concordamos em nada. Portanto isto não tem a ver com política, tem a ver com o Benfica. Se tivesse a ver com política não estaríamos lá os dois”, defendeu Telmo Correia.
O líder parlamentar do CDS posicionou-se assim relativamente à polémica em torno do apoio do primeiro-ministro à recandidatura de Vieira, que já foi alvo de críticas de figuras políticas como Rui Rio, líder do PSD, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, Ana Gomes, socialista e candidata à Presidência da República, e até André Ventura, líder do Chega, candidato presidencial e antigo comentador desportivo afeto ao Benfica.
Ana Gomes, por exemplo, criticou a opção de Vieira na SIC Notícias, referindo que “os portugueses não aceitam mais este tipo de promiscuidade entre os negócios do futebol e a política” e lembrando processos judiciais em que Vieira esteve envolvido: “O primeiro-ministro escolheu entrar na comissão de honra de um indivíduo em particular que é altamente questionável: foi condenado em 1993 pelo roubo de um camião, arguido na Operação Lex por corrupção de um juiz, está envolvido na operação Mala Ciao, E-Toupeira, etc, e tem um historial de dívidas à banca estranhamente perdoadas”.
O líder do PSD, Rui Rio, reagiu por sua vez assim: “Sempre achei mal a mistura entre a política e o futebol profissional. No passado combati isso e afastei-me. Hoje até há problemas de ordem judicial metidos nisso mas nem vou por aí. O futebol é acima de tudo emoção, mas a política não deve ser toldada por motivos de ordem emocional, deve ser racionalidade. Nada disto faz sentido. O ideal deve ser, quando estamos em cargos políticos no Governo, abster-nos”.
Costa reitera. Apoio a Vieira “é assunto que não tem nada a ver com a vida política”
Também o PAN criticou oficialmente o apoio de Costa a Vieira, defendendo que “um dos principais problemas da sociedade portuguesa é precisamente o excesso de promiscuidade entre a política e o futebol e as ligações perigosas e pouco transparentes associadas a este mundo”.
Catarina Martins, líder do BE, referiu que “não fica bem” a António Costa achar “normal fazer parte de uma comissão de honra de alguém que é um dos maiores devedores do Novo Banco e que está implicado nos problemas do BES”. E André Ventura, líder do Chega, revelou que também ele foi convidado a “fazer várias coisas nestas eleições presidenciais do Benfica” mas preferiu não aceitar — e apontou a mira a Costa, criticando “a incoerência daqueles que me atacaram por ligações ao Benfica e aos dirigentes do Benfica e hoje estão nestas comissões”.