Gessos históricos da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e esculturas de artistas nacionais e estrangeiros vão dialogar numa exposição que abre esta sexta-feira ao público, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para celebrar a constante reinvenção desta arte.

São 16 os artistas representados na exposição “Esculturas Infinitas – Do Gesso ao Digital”, colocando em foco “a crescente importância da técnica do molde — tradicional ou digital — nas práticas artísticas contemporâneas”, segundo a organização. Esta exposição, apresentada inicialmente em Paris, nas Belas-Artes, constitui “uma oportunidade de resgatar das sombras a técnica da moldagem, sendo também, simultaneamente, uma forma de reconhecer essa presença e de celebrar a sua infinita capacidade de reinvenção”, apontou a Gulbenkian, na apresentação da mostra.

Estarão representados artistas como Jumana Manna, David Bestué, Christine Borland, Steven Claydon, Michael Dean, Aleksandra Domanovic, Simon Fujiwara, Asta Gröting, Oliver Laric, Charlotte Moth, Jean-Luc Moulène, Francisco Tropa, Xavier Veilhan, Marion Verboom, Daphne Wright e Heimo Zobernig.

Serão também apresentados vídeos de Marie José Burki e Rogério Taveira, realizados a partir de filmagens feitas nas reservas das coleções de gessos do Louvre e da Faculdade de Belas Artes de Lisboa.

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Com curadoria de Penelope Curtis, Rita Fabiana, Thierry Leviez e Armelle Pradalier, a mostra inclui os temas “A escola de arte”, “Moldes de esculturas antigas”, “Moldes de monumentos”, “Capacidade de parar o tempo”, “Moldes: natureza e corpo humano”, “Aulas de anatomia”, “Reprodução infinita”, “À descoberta do interior”, “Materiais: passado e presente” e “Escala e repetição”.

Em comum, os artistas “partilham o fascínio pela técnica da moldagem e pelas suas múltiplas possibilidades. Para alguns, é uma forma de capturar a efemeridade das várias etapas da vida; para outros, é uma maneira de imortalizar acontecimentos históricos. Uns utilizam o gesso pelas suas associações históricas, outros usam a digitalização 3D para refletirem sobre a clonagem ou a multiplicação virtual”, sublinha ainda a entidade, sobre a exposição.

Um dos temas-chave desta exposição, organizada e coproduzida pela Fundação Calouste Gulbenkian e as Belas-Artes de Paris, em colaboração com a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, é a noção de multiplicação infinita.

“Sendo a escultura tipicamente plural, o molde é o meio que possibilita essa pluralidade. Nos últimos anos do Renascimento, os mecenas encomendavam réplicas de esculturas clássicas famosas, muitas das quais correspondiam às peças mais antigas de coleções históricas, como a do Louvre. O gesso passou a permitir a reprodução fiel de esculturas conservadas em lugares distantes, o que tornou muito tentadora a criação de repositórios de peças escultóricas da Antiguidade greco-romana, mas também de edifícios da Idade Média e do Renascimento”, contextualiza. No século XIX, os moldes em gesso eram usados no ensino da Medicina e alguns assumiam formas artísticas, enquanto na época da invenção da fotografia, a moldagem em gesso revelou-se uma técnica potencialmente concorrente no que diz respeito à reprodução do conhecimento, sobretudo médico, natural e forense.

“Num período em que se assistia a uma crescente obsessão com a taxonomia e a identificação, passou a ser possível a realização de moldes de folhas, frutos e corpos com um grau de precisão quase absoluto”, assinala ainda a Gulbenkian.

A exposição “Esculturas Infinitas – Do Gesso ao Digital” ficará patente até ao dia 25 de janeiro de 2021.