As histórias entre Portugal e Espanha, que se defrontam esta noite em Alvalade num jogo particular, cruzam-se em vários aspetos e perspetivas, a começar pela presença de Cristiano Ronaldo no recinto onde brilhou na inauguração e ganhou um bilhete de ida sem volta para o estrelato a começar pelo Manchester United e com passagens por Real Madrid e Juventus. Quem era o treinador dos leões? Fernando Santos, o atual selecionador. Mas, um ano antes, e no estádio com o mesmo nome que entretanto foi demolido para dar lugar ao novo, o avançado tinha marcado o primeiro golo como sénior, numa jogada frente ao Moreirense iniciada por Toñito onde fintou três adversários e só acabou no 1-0. Esse lance faz hoje 18 anos. E entretanto já marcou mais de 700 golos oficiais.

Também por isso o dia era especial para o capitão da Seleção, que foi tema principal de um artigo no jornal As onde era explicada a revolução silenciosa da Juventus com Andrea Pirlo no comando também a preparar a saída do português a breve/médio prazo, tendo em conta os seus 35 anos: Matuidi, Pjanic, Douglas Costa e Higuaín saíram e os seus lugares foram ocupados por uma nova geração onde constam Federico Chiesa, Arthur e Kulusevski, opções nos dois primeiros encontros oficiais da temporada. Tudo envolvido, claro está, com os golos de Cristiano Ronaldo na frente e o tridente mais veterano constituído por Buffon, Chiellini e Bonucci na retaguarda.

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No entanto, o dia não trouxe a melhor notícia de Itália: de acordo com a imprensa local, Ronaldo, Dybala e mais algumas estrelas dos bianconeri que se concentraram com as suas respetivas seleções correm o risco de ser castigados pela Serie A, depois de uma denúncia feita pelas autoridades de saúde regionais.

É preciso recuar a sábado para se começar a perceber o filme: após terem sido encontrados dois casos positivos de Covid-19 entre funcionários do clube, todo o plantel da Juventus foi colocado em isolamento preventivo a partir desse momento. Ou seja, e cumprindo o que está no protocolo do regresso, todos os negativos podiam treinar ou jogar mas estavam proibidos os contactos com o exterior, fora do grupo. Foi nesse âmbito que o Nápoles, que tinha dois casos positivos entre jogadores, não viajou para Turim, argumentando que as autoridades de saúde locais não permitiam que nenhum elemento saísse da cidade. E foi assim que perdeu no domingo por falta de comparência, numa partida não realizada que ainda promete dar muito que falar na secretaria.

Plantel da Juventus de Ronaldo em isolamento preventivo

Mário Rui, jogador do Nápoles que tinha sido convocado por Fernando Santos para os jogos com Espanha (esta noite), França (domingo) e Suécia (dia 14), saiu dos eleitos por não ter autorização para sair de Nápoles, sendo convocado para a sua vaga o bracarense Sequeira. Já Ronaldo, à semelhança de outros companheiros sobretudo sul-americanos como Dybala, Cuadrado, Betancur ou Danilo, deixaram a concentração para se juntarem às suas equipas dos seus países. E é aí que entronca o problema: como os resultados serão conhecidos apenas entre hoje e amanhã, só poderiam sair de Turim após o conhecimento dos mesmos, cumprindo a regra da proibição de contacto com o exterior. Por sua vez, a Juventus defende que os casos ocorreram em funcionários e não no plantel, pelo que, perante as convocatórias das seleções nacionais, podiam fazer a viagem para essas concentrações.

Insólito: estádio com público, Nápoles não apareceu e Juventus esperou para ganhar por 3-0 sem jogar

Ainda assim, acrescente-se que qualquer sanção, a acontecer, não deve passar de uma multa mas Ronaldo já foi notificado dessa mesma infração, à semelhança de todos os restantes companheiros que deixaram Turim.