A Itália tem sido um dos bons exemplos europeus no controlo daquilo que alguns definem como segunda vaga da pandemia e outros colocam como segunda fase da primeira vaga da pandemia mas foi também de Itália que veio um dos casos mais caricatos neste recomeço das principais ligas europeias (ainda assim nada parecido com o que aconteceu no arranque da Segunda Liga portuguesa, quando o Feirense-Desp. Chaves foi suspenso quando estava tudo pronto para dar o pontapé inicial após os exercícios de aquecimento). E foi por isso que o Juventus-Nápoles ainda este domingo estava em risco, depois de ter sido dado como certo e, de seguida, como cancelado.

Da parte dos campeões transalpinos, a história é relativamente fácil de contar: nos habituais testes feitos antes dos jogos, foram detetados dois positivos entre funcionários do clube que não jogadores nem técnicos mas a Vecchia Signora, seguindo os protocolos em vigor, decidiu colocar todo o grupo num isolamento preventivo que permitia continuar a treinar mas sem qualquer contacto com o exterior. Ou seja, e trocado por miúdos, a equipa entrou em estágio até ao encontro. Já do lado do Nápoles tudo foi mais complicado e com versões contraditórias.

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De acordo com os responsáveis napolitanos, as autoridades de saúde locais não permitiram que a equipa saísse para Turim depois de terem sido detetados também dois positivos entre jogadores, Piotr Zielinski e Eljif Elmas. No entanto, e como avançava a Ansa horas depois, não terá havido qualquer proibição nesse sentido. “A Serie A confirma que o jogo Juventus-Nápoles, da 3.ª jornada, vai decorrer, como planeado, dia 4 de outubro, às 20h45”, anunciou o órgão que tutela o futebol profissional transalpino, o que deixava três hipóteses ao Nápoles: ou ia a jogo como estava estipulado, ou apresentava uma justificação das autoridades de saúde para não poder de facto viajar para o encontro ou corria o risco de perder três pontos na secretaria por falta de comparência.

Ronaldo chegava ao clássico apostado em vingar a derrota na final da Taça de Itália da última época nas grandes penalidades, depois de quatro vitórias noutros tantos jogos disputados na Serie A frente ao Nápoles com dois golos à mistura. O momento, esse, era bom, com o português a marcar três golos nas duas primeiras partidas do Campeonato, incluindo um bis que evitou a derrota em Roma. “Foi um ponto ganho. Ficámos numa situação complicada mas conseguimos recuperar, mesmo depois do vermelho. No final, este ponto poderá ser muito importante. Ainda estamos no início, com um novo treinador, novas ideias, mas a equipa está a trabalhar bem, entusiasmada e vejo um futuro brilhante para nós. O coletivo está feliz e a treinar com um sorriso na cara”, comentou o capitão da Seleção, muito elogiado pelo novo timoneiro, Andrea Pirlo.

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No entanto, e chegada à hora, não houve mesmo encontro. E chegou-se ao caricato de haver equipa da Juventus em campo sem adversário, cumprindo o tempo obrigatório de espera por um Nápoles que continuava em casa perante o olhar meio perdido de espetadores que não tiveram problemas com a chuva (alguns estavam com impermeáveis da cabeça aos pés) mas que a única coisa que viram foi a equipa de arbitragem, os delegados e alguns jogadores da equipa da casa que passavam pelo relvado para saber se entretanto surgia alguma novidade. 45 minutos depois, o árbitro “terminou” o que não chegou a começar, dando assim o triunfo à Juventus. No entanto, tudo aponta para que o encontro tenha prolongamento na secretaria, com o Nápoles a recorrer da decisão.

“Estou aqui porque precisamos de esclarecer isto. Existem protocolos muito claros para estas situações, que explicam o que fazer em caso haver positivos por Covid-19. Aplica-se o protocolo da federação e todos sabemos o que fazer. E isso passa por entrar em isolamento profilático numa estrutura acordada com a Autoridade de Saúde local dentro da qual o grupo se isola para continuar a treinar e a jogar. Portanto, esta noite teríamos jogado com o Nápoles. O trabalho da Federação e do Ministério da Saúde é claro. Ontem [sábado], ao saber que tínhamos casos positivos na equipa, isolámo-nos para jogar esta noite. O presidente do Nápoles pediu-nos para adiar o jogo, um pedido legítimo, mas as regras são claras e todos temos de as seguir. Todas as organizações têm regras e se não as seguirmos isso pode ser um erro. Não sou eu quem tem de dizer se as regras estão bem ou mal, se têm de mudar ou não, só sigo os regulamentos”, comentou Andrea Agnelli, presidente da Juventus, à Sky Itália.