As probabilidades de haver um português no pódio da Volta a Itália não era propriamente alta antes do início da competição. Por haver apenas dois corredores nacionais, pela concorrência de grande nível, pelo facto de, devido à pandemia, haver várias referências preparadas para apostar tudo no Giro que acontece após Tour e Mundiais e que vai terminar já com a Vuelta a rolar. João Almeida, ao conquistar a camisola rosa na terceira etapa, conseguiu contrariar essa tendência. No entanto, este domingo, em Roccaraso, a presença nacional foi bem maior e mais imponente, com Rúben Guerreiro a juntar-se também à festa num dia histórico para o ciclismo. 

Dia de sonho para o ciclismo nacional: Rúben Guerreiro ganha etapa e João Almeida defende liderança no Giro

Rúben, da EF Pro Cycling, conseguiu vencer na chegada a subir depois de uma longa fuga, alcançando não só um feito que não se via desde 1989 quando Acácio da Silva ganhou também uma etapa mas também os pontos para passar para a liderança da camisola azul da montanha. Seguiu-se no pódio João Almeida que, apesar de ter perdido alguns segundos de avanço, aguentou a camisola rosa da liderança e a branca da juventude. Se Portugal dominava na altura da festa, Portugal dominou também no círculo das atenções mediáticas no final da corrida.

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“Finalmente ganhei… Que satisfação, depois de tantos segundos lugares… Penso que a equipa e eu merecemos esta vitória. Foi muito difícil conseguir uma fuga esta manhã mas é uma vitória extraordinária. Na parte final sabia que o Castroviejo era o mais forte na parte mais plana da etapa mas também sabia que tinha de reservar alguma energia para o final, como consegui”, apontou Rúben Guerreiro, antes de elogiar também o compatriota João Almeida: “Já nos conhecemos há muito tempo, é como um irmão mais novo para mim. Fiquei muito feliz de o ver de camisola rosa. É fantástico, é algo que nunca esqueceremos”. Na sala de imprensa enquanto o corredor da EF Pro Cycling falava, os elogios do líder do Giro foram de imediato retribuídos: “Estou feliz pelo Rúben, ele merece”.

“Para mim foi um dia muito especial. Fiquei feliz com esta etapa porque estava à espera do pior, de perder a camisola. Estava a sofrer no fim mas não baixei os braços e lutei pelos meus companheiros de equipa porque eles estão a fazer um grande trabalho. Devo esta camisola a eles”, assumiu o português da Deceuninck Quick-Step, antes de prometer a festa com Rúben Guerreiro: “Claro que vamos celebrar, com ou sem camisola rosa, mas só quando o Giro acabar porque agora ainda vamos ter muitas etapas pela frente”.

Por fim, e depois de ter realçado por mais do que uma ocasião a importância de aproveitar o dia de descanso que haverá esta segunda-feira para preparar a segunda de três semanas, João Almeida teve ainda tempo para satisfazer a curiosidade dos jornalistas e falar sobre… Cristiano Ronaldo. “Gosto de futebol mas não sigo muito. O Cristiano é um dos melhores do desporto. Não o conheço pessoalmente mas para mim ele é fantástico. Não sei se ele me conhece, ou a mim ou ao Rúben, não sei se acompanha ou não o Giro, sei que ele deve ter muito em que pensar [joga esta noite pela Seleção em França] mas espero que esteja orgulhoso de nós”, salientou.