Primeiro, um contrarrelógio surpreendente de pouco mais de 15 quilómetros entre Monreale e Palermo onde só foi superado no primeiro lugar por Filippo Ganna, o campeão mundial da especialidade que ganhou por 22 segundos. A seguir, a ligação de quase 150 quilómetros entre Alcamo e Agrigento com chegada em conjunto ao sprint que não trouxe modificações na geral. Por fim, a etapa de 150 quilómetros até ao vulcão Etna ganha por Jonathan Caicedo mas que deu a camisola rosa a João Almeida por menos de um segundo. Em três dias, o português da Deceuninck Quick-Step alcançara uma improvável liderança da Volta a Itália e confirmou nas etapas seguintes que não foi obra do acaso, chegando ao último dia antes do primeiro descanso ainda no primeiro lugar.

Os fugitivos levaram a melhor, a classificação está na mesma: João Almeida leva 43 segundos de avanço para Roccaraso

Entre os três triunfos de Arnaud Démare ao sprint, frustrando sempre as intenções do carismático Peter Sagan de ganhar uma etapa do Giro, João Almeida ainda teve mais uma demonstração de classe na chegada a Camigliatello Silano depois de 225 quilómetros, alcançando ao sprint também um terceiro lugar na etapa ganha por Filippo Ganna para alcançar mais quatro segundos de bonificação e passar a ter 43 de avanço sobre Pello Bilbao, espanhol que subiu ao segundo posto depois da quebra de Caicedo. Seguiam-se Wilco Kelderman (48s), Harm Vanhoucke (59s) e Vincenzo Nibali em quinto (1.01), com Jakob Fuglsang em sétimo (1.19) e Steven Kruijwijk em oitavo (1.21). E assim ficou etapa após etapa, a receber a rosa antes e depois, a desmultiplicar-se em entrevistas.

“200 quilómetros a dar ao pedal, cinco horas em cima da bicicleta. Hoje [sábado] tivemos um dia tranquilo, o que é uma novidade no Giro depois de sete dias a todo o vapor. Ninguém da geral tentou forçar o ritmo e correu-se com alguma tranquilidade. Para mim até foi positivo e fácil estar no pelotão. Foi mais um dia a sentir a camisola rosa colada ao meu corpo, que transmite uma agradável sensação por ser a mais bonita e desejada do pelotão”, disse João Almeida após a oitava etapa ao jornal A Bola, antes de explicar o que tem feito com as ofertas pelo primeiro lugar: “As flores dou, os peluches estão guardados para oferecer à minha irmã e uma sobrinha de dois anos, as camisolas são o problema maior porque já não tenho espaço para guardar. Se continuar a receber, sinal de que estou na frente, tenho de arranjar um saco ou comprar uma mala…”, acrescentou.

Seguia-se a ligação entre San Salvo e Roccaraso, numa distância de 207 quilómetros que seria o principal teste para o português que supera testes atrás de testes desde terça-feira, numa etapa de montanha com duas subidas de primeira categoria (a última na chegada) e mais duas de segunda categoria que teve o outro corredor nacional, Rúben Guerreiro, em foco por ter integrado a fuga mais promissora do dia. No final, e apesar dos ataques, João Almeida conseguiu aguentar-se na liderança da prova mesmo perdendo alguma vantagem. Mas a cereja no topo ainda estava para chegar: o português da EF Pro Cycling ganhou mesmo a etapa, sucedendo a Acácio da Silva que conseguira uma vitória no Giro há 31 anos, quando teve a camisola rosa durante dois dias.

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