Desde o dia 30 de outubro que nos concelhos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Matosinhos foram diagnosticados 72 casos de legionella e registados 7 óbitos. A origem do surto continua por identificar.
“Estamos a recolher análises de água em torres de refrigeração de diferentes espaços, das águas de consumo e também das secreções de doentes para verificar se as estirpes de legionella são as mesmas ou não. São colheitas que estão a ser feitas e que estão a ser dirigidas pelo INSA [Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge] e depois mais tarde tiraremos as nossas conclusões”, afirmou esta quarta-feira António Lacerda Sales, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
Ao Observador, o INSA confirma que está a estudar as análises das águas em diversos locais daquela região desde o passado sábado, acrescentando que é um processo demorado e que, por isso, é necessária pelo menos “mais uma semana” para se chegarem a conclusões. Conclusões essas que poderão levar à origem do surto desta doença, provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila’, que se contrai por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.
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Esta quinta-feira, após uma conferência de imprensa para “acalmar a população”, a autarca de Vila do Conde, Elisa Ferraz, confirmou que a origem do surto “ainda não foi detatada”, revelando ter já conhecimento do resultados das análises às aguas do município, que demonstram a ausência de legionella entre janeiro e outubro de 2020.
A Câmara Municipal reforça que a origem deste surto ainda não foi detetada, apesar de todos os esforços desenvolvidos pelas autoridades de saúde, estando as amostras recolhidas a serem analisadas e alvo das necessárias conclusões a nível científico, tratando-se de um processo exigente e moroso, que implica períodos de incubação das amostras, entre outros. Compreendemos a urgência da identificação desta origem, também por nós manifestada diariamente, junto das entidades competentes.”
O município de Vila do Conde refere ser “prematuro lançar atordoadas que só causam sofrimento e perturbação na população que, em primeiro lugar, deve ser protegida de qualquer fonte de pânico”, alertando ainda que as manifestações de sintomas desta doença são muito similares às já conhecidas nesta situação pandémica, deixando claro que a legionella é uma doença “não transmissível de pessoas para pessoa”.
Também a câmara municipal da Póvoa de Varzim já tinha anunciado que a qualidade da água na sua rede “é superior à média nacional”. “De acordo com a publicação do último Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal, e após terem sido realizadas todas as análises previstas sem registo de incumprimentos, o indicador de qualidade e segurança da água da torneira no concelho da Póvoa de Varzim atingiu o nível de exatamente 100%, situando-se acima da média nacional de 98,66%”, lê-se na página da autarquia.
Esta quarta-feira, o Ministério Público instaurou um inquérito destinado a investigar as causas do surto nos três concelhos que já matou 7 pessoas, entre os 87 e os 92 anos.
No Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde foram até agora diagnosticados 25 casos, dos quais 16 encontram-se internados em enfermaria, dois foram transferidos para o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, cinco tiveram alta e dois morreram. Em Matosinhos registaram-se 41 casos de legionella, 17 mantêm-se internados, dos quais 14 em enfermaria e dois em cuidados intermédios, um em cuidados intensivos, tendo contabilizado cinco mortes e 19 altas.
Também o Hospital de São João, no Porto, mantém até agora 6 doentes internados com legionella, dos quais três em enfermaria, um em cuidados intermédias e dois nos cuidados intensivos.
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Contactada pelo Observador, a Administração Regional de Saúde do Norte revelou não ter qualquer informação sobre a origem do surto e que ainda esta quinta-feira será “previsível” enviar uma nota com a atualização de toda a informação.