O surto de ‘legionella’ que está a afetar a região do Grande Porto registou esta quarta-feira mais três casos, que deram entrada no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, confirmou fonte da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).
Com estes novos casos, sobe para 85 o número de pessoas que contraíram a doença, desde 29 de outubro, nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, sendo que nove morreram com complicações associadas e 20 continuam internadas em três hospitais do distrito do Porto.
No Hospital Pedro Hispano, que recebeu estes três novos casos, mantêm-se 12 pessoas internadas, das 47 que foram assistidas na unidade desde o início do surto, onde se registaram sete óbitos.
Já no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que já recebeu 28 pessoas com ‘legionella’ e registou duas mortes, houve uma diminuição de doentes internados, sendo agora cinco as pessoas que recebem cuidados na unidade poveira.
Também no Hospital de São João, no Porto, que já assistiu 10 pessoas com a doença, registou-se esta quarta-feira uma redução no número de internados, passando de seis para três.
LongaVida em Matosinhos desliga “preventivamente” torres de refrigeração
A empresa de produtos lácteos LongaVida, em Matosinhos, adiantou entretanto ter desligado as suas torres de refrigeração “a título preventivo”.
“Cumprindo as indicações da autoridade de saúde e na sua presença, a título preventivo, a LongaVida desligou de imediato as suas torres de refrigeração”, avançou, em comunicado.
A empresa LongaVida efetua todos os controles exigidos por lei às suas torres de refrigeração, estando a acompanhar de perto o surto em colaboração com as autoridades que se encontram a realizar inspeções nesta área geográfica. Referindo que “quaisquer informações” sobre este tema deverão ser prestadas pelas autoridades competentes, a empresa espera que a situação possa ser “rapidamente” esclarecida.
“Para a LongaVida a segurança das suas pessoas e das suas operações é uma prioridade não negociável”, vincou.
A origem do surto ainda não foi descoberta, mas a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte divulgou, na terça-feira, que, “como medida cautelar, a Autoridade de Saúde de Matosinhos procedeu à suspensão do funcionamento das torres de refrigeração de duas indústrias, localizadas no concelho de Matosinhos”, embora sem especificar quais.
Sem uma explicação concreta para a dispersão geográfica do surto, a ARS-Norte avançou que a mesma “é compatível com uma eventual fonte ambiental sujeita aos efeitos das alterações climáticas da depressão Bárbara”.
Esta quarta-feira, a Câmara Municipal de Matosinhos, numa reação à suspensão das torres de refrigeração de duas fábricas do concelho, disse estar a “acompanhar de perto e com preocupação o desenvolvimento do surto”.
“Independentemente do concelho onde se situem estas instalações, o importante é que o foco tenha sido identificado e que esta situação possa, em breve, ser ultrapassada. A autarquia tem disponíveis todos os meios necessários para atuar, caso estes sejam solicitados pelas entidades de saúde responsáveis pela gestão do caso”, garantiu a Câmara de Matosinhos, em comunicado.
Na semana passada, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito para investigar as causas do surto.
A doença do legionário, provocada pela bactéria ‘Legionella pneumophila’, contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.