Jorge Jesus preferiu, esta quarta-feira, não se alongar sobre o incidente ocorrido na terça-feira, no Parque dos Príncipes, durante um jogo da Liga dos Campeões, explicando que não viu “o que aconteceu e o que se falou”. Ainda assim, o treinador do Benfica defendeu que “hoje está muito na moda isso do racismo”, dizendo que “está-se a implantar essa onda no mundo”, apesar de admitir que “se calhar até houve”.
O jogo entre o Paris Saint-Germain e o Basaksehir foi interrompido por alegados insultos racistas do quarto árbitro contra Pierre Webo, treinador adjunto dos turcos. Jesus diz que não sabe o suficiente sobre o caso para ter uma opinião concreta.
“Hoje, está muito na moda isso do racismo. Como cidadão, tenho de ter em atenção a minha maneira e só posso ter uma opinião concreta se souber o que é que se disse naquele momento. Depois, qualquer coisa que se possa dizer contra um negro é sempre sinal de racismo. Se podes dizer a mesma coisa contra um branco já não é sinal de racismo. Está-se a implantar essa onda no mundo e se calhar até houve em relação às coisas que se disseram contra esse treinador, mas eu não sei”, comentou o técnico.
As declarações — que mereceram destaque no jornal espanhol “Marca” — foram feitas na conferência de imprensa de antevisão do com o Standard Liège, para a Liga Europa. Falando aos jornalistas, o treinador assumiu também que o Benfica ainda não está “a jogar o triplo”, como prometeu no início da época, mas mostrou-se confiante na evolução do rendimento da equipa de futebol.
Jesus lembrou que a afirmação foi feita com a “consciência que se o Benfica não jogasse mais do que na época passada voltava a não ganhar nada” e lembrou que ainda há tempo para evoluir.
Claro que ainda não está a jogar o triplo. Um ou outro jogo tem feito, mas na maioria não tem. Sabemos que está numa fase de crescimento, porque é mesmo assim, e acredito plenamente que com o desenrolar das competições o Benfica vai ter cada vez mais conhecimento do que a equipa quer e vai ter um rendimento melhor do que teve”, assumiu o treinador.
O Benfica desloca-se na quinta-feira à Bélgica com o objetivo de ganhar, apesar de já ter garantido o apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa, uma vez que ainda pode ficar em primeiro lugar no Grupo D, apesar de Jesus não acreditar “que o Rangers perca pontos na Polónia”, frente ao Lech Poznan.
“Há fatores que nos podem favorecer, como ser o primeiro no grupo, que nos dá mais hipóteses no sorteio. Só por esse motivo”, explicou.
Ainda assim, aproveitou a mesma análise para garantir que vai aproveitar a partida de quinta-feira para “lançar alguns jogadores que nunca jogaram”, mas assumiu que Todibo não será um deles, pois “começou a trabalhar há uma semana e não tem condições técnicas nem táticas”.
Pode ouvir as declarações no jornal das 10h da Rádio Observador (a partir do minuto 4:53):
Por outro lado, fez questão de retirar a pressão dos ombros dos jogadores aos quais vier a conceder a oportunidade, uma vez que, garantiu, as suas prestações não terão influência nas decisões do mercado de transferências, em janeiro, onde diz estar “preparado para receber mais jogadores e não para perder algum”.
“Todos os jogos nos dão sinais cada vez mais de confirmações ou não do ponto de vista coletivo e individual. Não há jogadores que estejam a fazer testes ou exames para definir o futuro. Sabemos o plantel que temos, mas como é óbvio, conforme o tempo vai passando, vamos ficando com mais certezas da qualidade individual dos jogadores e do crescimento da equipa”, comentou o treinador.
Sobre o adversário de quinta-feira, Jesus advertiu que a vitória por 3-0, na Luz, pode ter dado uma ideia de que o Standard Liège “não é um adversário muito forte”, mas isso não corresponde à verdade.
“O nosso jogo com o Standard Liège, na Luz, foi um dos melhores jogos que fizemos. O futebol belga é um campeonato com capacidade, o que se vê por algumas equipas do futebol belga que estão a discutir o apuramento na ‘Champions’ e na Liga Europa”, sublinhou.
Antes de Jorge Jesus lançar a partida com os belgas, foi a vez de Vertonghen assumir que a equipa está “a sofrer demasiados golos” e que quer corrigir esse aspeto.
“É uma realidade. Estamos a sofrer demasiados golos. Trabalhamos muito, defendemos todos juntos, atacamos todos juntos. Fazemos uma pressão muito alta, pois temos uma natureza de jogo muito ofensiva, mas temos de ser mais sólidos na defesa, é verdade”, admitiu.
No entanto, o defesa que o Benfica contratou nesta época aos ingleses do Tottenham garantiu que a equipa vai melhorar nesse capítulo.
“É uma responsabilidade de todos. Trabalhamos todos os dias na organização defensiva e certamente que irá melhorar. Tem vindo a melhorar nos últimos jogos. Agora temos de começar a sair dos jogos sem sofrer golos e é nesse sentido que estamos a trabalhar”, apontou.
O Benfica visita o Standard Liège na quinta-feira, às 17:55, em partida da sexta e última jornada do Grupo D da Liga Europa de futebol.
Os ‘encarnados’ já garantiram o apuramento para os 16 avos de final, mas ainda estão na luta pelo primeiro lugar no grupo, onde o Rangers leva vantagem nos critérios de desempate, apesar de seguir com os mesmos 11 pontos que as ‘águias’.