A Câmara do Porto disse esta segunda-feira que o projeto do arquiteto Eduardo Souto Moura para o jardim de Sophia, na Praça da Galiza, ainda está “a ser elaborado” e “não está ainda definitivamente aprovado” pela autarquia.

O município do Porto recorda que o projeto de reposição do jardim é da responsabilidade da Metro do Porto que, para o efeito, contratou um dos melhores arquitetos nacionais, Eduardo Souto de Moura”.

Em resposta à agência Lusa, a propósito de um memorando redigido pela Campo Aberto contra a “destruição” do jardim devido a uma nova linha de Metro, a autarquia afirmou que o projeto, “está a ser elaborado” e “não está ainda definitivamente aprovado pelo município”.

A Campo Aberto disse “estranhar” as declarações do presidente da câmara do Porto sobre o projeto para o jardim de Sophia, que “prevê que o jardim seja mutilado e quase todo arrasado”.

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O senhor presidente apoia a destruição de um jardim segundo projeto ainda não aprovado e que contraria expressamente a determinação de uma agência da autoridade de tutela?”

Durante a Assembleia Municipal do Porto de 14 de dezembro, Rui Moreira disse acreditar que com o novo projeto, encomendado pela Metro do Porto ao arquiteto Eduardo Souto Moura, o jardim de Sophia, na Praça da Galiza, vai ficar “perfeito”.

Em causa está o projeto da nova Linha Rosa do Metro do Porto que é formada por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando S.Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.

Esta linha é a parte inicial de uma circular interna que fará a ligação com os restantes eixos da rede do Metro.

A Campo Aberto questiona se não existirão “arquitetos paisagistas capazes de cumprir” a determinação da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) por forma a “manter o jardim na sua forma atual”.

“O arquiteto Souto Moura, assim respaldado, tem, é certo, grande reputação nacional e internacional como arquiteto. Certamente merecida, mas que se saiba não em qualquer reputação como paisagista”, defende a associação ambientalista, questionando se apoiar a “destruição de uma obra de arte” de uma arquiteta paisagística “não será ofender grave e desnecessariamente” a autora e a classe profissional.

Como se compreende então que o representante máximo do município venha agora minimizar a obra atual, vive e existente, face a uma obra futura que ninguém pode ainda garantir, mas apenas supor, que terá idêntica dignidade e estará à altura da homenageada?”

A Campo Aberto considera ainda que o presidente da câmara do Porto se “enganou” quando negou que a intervenção no Jardim do Carregal, junto do qual sugira a nova estação de metro do Hospital de Santo António, não punha em causa árvores centenárias.

Infelizmente, receamos que se tenha enganado. O projeto prevê o abate de pelo menos duas árvores centenárias por motivo da construção de uma estação naquele local”.

No que ao Jardim do Carregal concerne, a autarquia afirma que “não está previsto o abate de árvores centenárias”.