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Nanú passou o jogo a tentar pôr a equipa a ganhar. No fim, a equipa não conseguiu ganhar por ele (a crónica do Belenenses SAD-FC Porto)

Este artigo tem mais de 3 anos

O lateral estava a ser dos melhores em campo antes de sair depois de um choque arrepiante. No fim, a equipa não conseguiu ganhar por ele e o FC Porto empatou sem golos com o Belenenses SAD no Jamor.

Belenenses SAD x FC Porto - Primeira Liga
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Sérgio Conceição entrou no relvado na sequência do choque que envolveu Nanú

NurPhoto via Getty Images

Sérgio Conceição entrou no relvado na sequência do choque que envolveu Nanú

NurPhoto via Getty Images

Na primeira temporada de Sérgio Conceição, à entrada para a 17.ª jornada, o FC Porto já levava 14 semanas na liderança da Primeira Liga. No ano seguinte, em que o Benfica acabou por ser campeão, o FC Porto já levava 11 jornadas na liderança na mesma altura. Na época passada, em que só conseguiu resgatar o título já na retoma, só levava uma — exatamente o mesmo número que leva atualmente, à entrada para a 17.ª jornada desta temporada.

Quer isto dizer que, apesar de uma primeira época dominadora e de uma segunda que terminou sem alegrias mas foi disputada até ao final, o FC Porto habituou-se no ano passado a correr atrás do título sem estar na liderança. A competição parou devido à pandemia quando o Benfica estava no primeiro lugar, recomeçou com os encarnados a tropeçarem várias vezes e acabou com o FC Porto campeão, depois de uma reta final quase irrepreensível. Ora, esta temporada, os dragões ainda só estiveram em primeiro durante uma jornada, a segunda, e desde aí têm visto o Sporting controlar a competição sem grandes solavancos. Os leões de Rúben Amorim empataram precisamente com o FC Porto, empataram com o Famalicão e empataram com o Rio Ave mas ainda não perderam, assegurando vitórias várias vezes já nos instantes finais e nos períodos de descontos.

Ficha de jogo

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Belenenses SAD-FC Porto, 0-0

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Nacional do Jamor, em Oeiras

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Belenenses SAD: Kritciuk, Gonçalo Silva, Henrique, Tomás Ribeiro, Tiago Esgaio, Cafu, Yaya Sithole (Taira, 68′), Sousa (Bruno Ramires, 74′), Diogo Calila (Rúben Lima, 74′), Varela (Cassierra, 68′), Miguel Cardoso (Richard, 90+14′)

Suplentes não utilizados: André Moreira, Gonçalo Agrelos, Dieguinho

Treinador: Petit

FC Porto: Marchesín, Nanú, Mbemba, Pepe, Manafá (Zaidu, 85′), Uribe, Sérgio Oliveira, Fábio Vieira (Corona, 70′), Felipe Anderson (Luis Díaz, 57′), Evanilson (Marega, 70′), Taremi

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Diogo Leite, Grujic, Romário Baró, Toni Martínez

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: nada a registar

Ação disciplinar: cartão amarelo a Diogo Calila (4′), a Yaya Sithole (14′), a Gonçalo Silva (73′), a Rúben Lima (90+18′)

Como aconteceu, aliás, na passada segunda-feira e contra o Benfica. O FC Porto tinha vencido o Rio Ave no Dragão e aos 90 minutos do dérbi de Alvalade parecia que os dragões iam conseguir ficar com quatro pontos de vantagem para o Benfica e a apenas dois do Sporting. Matheus Nunes, com aquele golpe de cabeça ao segundo minuto de descontos, apagou a equação e escreveu uma nova: os leões ganharam e mantiveram a distância de quatro pontos para o FC Porto, empurrando o Benfica para um quarto lugar a nove pontos da liderança. É a estrelinha, como se tem dito. De Amorim, dos jovens jogadores, do clube, de tudo um pouco. Algo que, devido à experiência da época passada, está longe de incomodar Sérgio Conceição.

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“Sou Sérgio Conceição e não Sérgio Comichão. A mim essa situação não me dá comichão. Outras coisas dão-me comichão, mas isso não. Estamos a fazer o nosso trajeto e o adversário está a ganhar. É uma maratona e no final fazemos as contas. O Sporting está a ganhar os seus jogos e nós os nossos. O importante é manter esta cadência até ao final e tentar agregar o máximo de pontos possíveis. Em três anos fui duas vezes campeão e não fui um ano sabe Deus e algumas pessoas porquê… Por isso, a estrela de campeão é para quem trabalha e é competente. Neste momento, o Sporting está a ser competente e a ganhar os seus jogos. Nós também estamos a ser competentes, mas não fomos tanto noutro período da época, em que poderíamos ter feito mais. Agora, temos de correr atrás do prejuízo e ir atrás dessa estrela. Porque ela está lá. É preciso é ir buscá-la”, explicou o treinador dos dragões na antevisão da visita desta quinta-feira ao Belenenses SAD, que aparecia na antecâmara de dois jogos exigentes contra o Sp. Braga, seguidos e ambos na Pedreira, primeiro para o Campeonato e depois nas meias-finais da Taça de Portugal.

Ora, nessa antevisão, Sérgio Conceição ainda respondeu a declarações de Vítor Pereira, antigo treinador do FC Porto, que explicou que o atual técnico dos dragões tem “ADN do FC Porto” por ter uma filosofia defensiva. “É importante não sofrer golos e essa é a base para se ganharem os jogos. É preciso ser sólido em termos defensivos. Os jogos têm vários momentos, mas o futebol é um desporto simples que passa por marcar e não sofrer. Não sofrer é tão importante como marcar. Não gosto nada de ouvir pessoas, inclusivé treinadores que passaram por esta casa, como o Vítor Pereira, dizer que tenho ADN do FC Porto, porque sou um treinador defensivo. Fica-lhe tão mal dizer isso. Durante três anos, fomos a equipa que mais golos fez no Campeonato, exceto no segundo ano. Fomos sempre a equipa que fez mais golos e fomos apelidados de rolo compressor. A organização defensiva é a base para se ter sucesso. Somos a equipa em Portugal que, nos últimos três anos, a maior parte das bolas que roubámos foi no meio-campo ofensivo. Isso não é ser defensivo, é trabalhar bem defensivamente”, indicou o técnico.

Assim, o FC Porto visitava então o Belenenses SAD de Petit — que ainda só tinha vencido três vezes para o Campeonato, que vinha de uma derrota nos Açores com o Santa Clara, que marca poucos golos mas que só tinha sofrido 14 desde o início da época. Um número inferior, logo à partida, ao de FC Porto, Benfica e Sp. Braga. Sérgio Conceição não podia contar com Otávio, que se lesionou em Barcelos e ainda não estava recuperado, e adiantou logo na antevisão que iria fazer algumas alterações para gerir a fadiga de alguns jogadores na antecâmara da tal dupla jornada com o Sp. Braga. Por isso mesmo, Zaidu, Corona (que tinha estado em todos os jogos para o Campeonato até agora), Luis Díaz e Marega começavam no banco, enquanto que Nanú, Fábio Vieira, Felipe Anderson e Evanilson saltavam para o onze. Com a titularidade de Nanú, Wilson Manafá mudava de faixa e passava a ocupar o lado esquerdo da defesa, com o ex-Marítimo a ser o responsável pelo corredor esquerdo.

No Jamor, num relvado bastante castigado pela chuva persistente dos últimos dias, o FC Porto sabia então que uma vitória significava ficar provisoriamente a um ponto do Sporting, que só entrava em campo esta sexta-feira contra o Marítimo. O primeiro quarto de hora da partida foi muito lento e desprovido de grande interesse: os dragões tinham muitas dificuldades em progredir pela zona central do terreno devido ao estado do relvado, apostando num futebol mais direto, e o Belenenses SAD também não conseguia passar para lá do meio-campo. A equipa de Sérgio Conceição tinha mais bola mas pouco conseguia fazer com ela, optando quase sempre pelas investidas na profundidade de Taremi e pelos corredores.

Nas alas, Nanú e Manafá eram muitas vezes solicitados a subir — Fábio Vieira e Felipe Anderson, um de cada lado, pisavam terrenos mais interiores e deixavam as faixas totalmente soltas para os laterais. O primeiro remate à baliza apareceu à passagem dos 20 minutos, por intermédio de Uribe e para defesa fácil de Kritsyuk (20′), e o FC Porto não conseguia desequilibrar a partir das habituais jogadas rendilhadas e vertiginosas. Do outro lado, mais habituado ao relvado, o Belenenses SAD jogava claramente à procura do erro do adversário. A equipa de Petit apostava principalmente em variações rápidas de flanco, com passes muito longos que iam de um corredor ao contrário e obrigavam os dragões a uma alteração rápida de posicionamento, e teve sempre em Afonso Sousa o principal inconformado. Com uma organização admirável no setor defensivo e sem grande capacidade de resposta à pressão alta do FC Porto, o Belenenses SAD acabava por criar perigo através de passes longos e verticais ou erros do adversário.

Assim, a melhor oportunidade dos azuis na primeira parte foi a partir de um erro de Marchesín, que saiu da baliza e chocou com Pepe, deixando Afonso Sousa totalmente solto, com a bola nos pés e a baliza deserta. De muito longe, o médio português não conseguiu acertar com a baliza e atirou por cima (22′). Sérgio Oliveira ficou muito perto de abrir o marcador, com um remate forte de primeira e de fora de área onde a recarga de Taremi à defesa de Kritsyuk acabou por sair por cima (29′), e Varela respondeu do outro lado com um lance em que se antecipou a Pepe e tentou servir Miguel Cardoso mas viu Marchesín chegar primeiro (32′).

Com o relógio a aproximar-se do final da primeira parte, o FC Porto cresceu na partida. Sérgio Oliveira, que tinha passado muito tempo a recuar para junto dos centrais para iniciar a construção, deixou essa tarefa entregue quase por inteiro a Uribe e subiu no terreno, aproximando-se de Felipe Anderson e Fábio Vieira. Este último, que nos últimos minutos do primeiro tempo trocou de lado com o brasileiro e passou a atuar na esquerda, ganhou preponderância e conseguiu desequilibrar entre linhas, solicitando Taremi no ataque e obrigando o Belenenses SAD a recuar para juntar setores. Foi nesta fase que o FC Porto conseguiu colocar a bola no fundo da baliza, com Evanilson a aproveitar uma carambola para finalizar um lance caricato (42′), mas a jogada foi anulada por fora de jogo do avançado brasileiro. Mesmo à beira da paragem, Felipe Anderson também ficou perto de marcar, com um remate forte que Kritsyuk defendeu (45+3′), mas o jogo foi mesmo para o intervalo ainda sem golos.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Belenenses SAD-FC Porto:]

O Belenenses SAD apareceu na segunda parte mais solto, com mais elementos no meio-campo adversário e mais jogadores a entrarem no último terço do FC Porto. Diogo Calila teve a primeira finalização nos pés mas rematou muito por cima (51′) e a equipa de Petit estava a arriscar mais na frente e a esticar a manta, com os dragões a procurarem os espaços que ficavam destapados no meio-campo dos azuis. O Belenenses SAD, porém, mantinha-se muito organizado defensivamente e não permitia grandes aventuras, cometendo poucos erros e acertando quase sempre no posicionamento.

Os minutos passavam sem que o FC Porto chegasse ao golo e Sérgio Conceição reagiu logo no início da segunda parte, ao lançar Luis Díaz para o lugar de Felipe Anderson. O colombiano — que foi jogar para uma zona muito central, no apoio criativo a Taremi e Evanilson — trouxe uma intensidade diferente aos dragões, que passaram a atacar com outro critério e solidez, encostando o Belenenses SAD à própria grande área. Ainda assim, mesmo com mais bola e maior presença no último terço adversário, os dragões continuavam sem marcar e sem criar verdadeiras oportunidades de golo: algo que levou Sérgio Conceição a chamar os nomes do costume.

Corona e Marega entraram a cerca de 20 minutos do apito final, para as saídas de Fábio Vieira e Evanilson, e Petit mexeu pela primeira vez ao trocar os fatigados Varela e Sithole por Taira e Cassierra. Apesar de estar claramente melhor na partida, com muita presença no último terço adversário, o FC Porto continuava sem conseguir criar oportunidades de golo e ainda apanhou um susto, num lance em que Miguel Cardoso apareceu na grande área com a bola controlada mas deixou-se antecipar por Marchesín (78′). Taremi teve na cabeça a melhor ocasião de toda a segunda parte, com um cabeceamento muito forte que Kritsyuk defendeu (82′), mas o lance que marcou o jogo negativamente estava reservado para os últimos minutos.

Na sequência de um cruzamento vindo da esquerda, Nanú avançou para a grande área para tentar discutir a bola e acabou por chocar de frente com o guarda-redes do Belenenses SAD. O lateral dos dragões caiu de imediato no chão, claramente inanimado, e os jogadores que estavam mais perto chamaram desde logo a intervenção dos bombeiros. Sérgio Conceição entrou dentro de campo, acabou por cartão amarelo depois de uma discussão intensa com Fábio Veríssimo e Nanú foi assistido pelos bombeiros e pelas duas equipas técnicas durante largos minutos, saindo do Jamor de ambulância em direção ao hospital mas já consciente. Na retoma do jogo, Veríssimo não assinalou grande penalidade, para enorme descontentamento dos dragões.

Os minutos que restaram acabaram por ser disputados sem grande discernimento — até porque o FC Porto estava reduzido a dez elementos depois da saída de Nanú, por já ter gastado os três momentos para fazer substituições — e o encontro terminou mesmo sem golos. Os dragões falharam a vitória no Jamor e podem agora ficar a seis pontos do Sporting caso os leões vençam esta sexta-feira o Marítimo. Nanú estava a ser um dos melhores em campo e tentou sempre pôr o FC Porto a ganhar; no fim, o FC Porto não conseguiu ganhar por ele.

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