O presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, defendeu esta sexta-feira a classificação dos caminhos portugueses da peregrinação a Santiago de Compostela como Património da Humanidade, devendo para tal a sua certificação ser concluída.
Em declarações à agência Lusa, Manuel Machado realçou a importância de “desencadear um conjunto de iniciativas para a valorização” dos itinerários que em Portugal, durante séculos, foram percorridos pelos devotos de São Tiago que demandavam a principal cidade da Galiza, em Espanha, em cuja catedral, supostamente, esse apóstolo de Cristo foi sepultado.
O também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) falava a propósito de um protocolo de cooperação que a Entidade Regional de Turismo do Centro, liderada por Pedro Machado, celebrou esta sexta-feira com os municípios de Coimbra e Condeixa-a-Nova, no distrito de Coimbra, e Anadia, no distrito de Aveiro, “com o objetivo de acelerar a certificação e dinamização” do denominado Caminho Central para Santiago de Compostela.
A Câmara de Coimbra “está disponível” para ajudar a promover e acolher a classificação desta rede de caminhos como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), disse.
Além da espiritualidade”, importa fazer “um enquadramento histórico” destes percursos, com origem em diferentes países da Europa, que em Portugal “eram muito utilizados pela Ordens Templárias”, salientou.
Manuel Machado sublinhou que a aposta nos caminhos de Santiago deve contribuir para “o desenvolvimento económico, social e cultural” dos territórios outrora atravessados pelos peregrinos e que atualmente voltam a ser utilizados por milhares de caminheiros, nacionais e de outros países.
Por sua vez, o presidente da Turismo Centro de Portugal destacou “a importância de estruturar os Caminhos de Santiago enquanto produto turístico”.
Portugal tem meio milhão de peregrinos por ano só nos caminhos de Santiago, que são um ativo fundamental”, afirmou Pedro Machado.
Em Portugal, os caminhos de Santiago incluem os itinerários Caminho Central e Via Portugal Nascente, que atravessam território da região Centro ao longo de 210 e 199 quilómetros, respetivamente.
Estes caminhos permitem a interligação com outros produtos turísticos, como a gastronomia, a natureza, a cultura e o património”, enfatizou Pedro Machado, para indicar que “uma grande parte dos peregrinos faz o caminho por motivos culturais”.
Em 2016, os caminhos portugueses da peregrinação a Santiago de Compostela foram inscritos na lista indicativa de Portugal com vista ao seu reconhecimento como Património da Humanidade.
Para que tal classificação seja concedida, é necessária a certificação dos caminhos”, refere a Turismo Centro de Portugal numa nota.
O Governo, pela entrada em vigor do decreto-lei 51/2019, de 17 de abril, “veio regular a valorização e promoção do Caminho de Santiago, através da certificação dos seus itinerários”.
Doze municípios da região são atravessados pelo Caminho Central: Vila Nova da Barquinha, Tomar, Ferreira do Zêzere, Alvaiázere, Ansião, Penela, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Mealhada, Anadia, Águeda e Albergaria-a-Velha.
A Via Portugal Nascente, por seu turno, cruza oito concelhos abrangidos pela entidade liderada por Pedro Machado, gestora do Caminho Português de Santiago: Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Belmonte, Guarda, Celorico da Beira e Trancoso. A associação de peregrinos Via Lusitana é parceira no processo de certificação em curso.